Grupos dizem que mercado de partes do animal são ameaça pequena se comparada às mudanças climáticas
26 de dezembro de 2012 | 13h 48
Ativistas divergem sobre comércio de partes do urso como uma ameaça significativa à espécie |
Uma nova tentativa de proibir o comércio global de partes do corpo de ursos polares tem dividido ativistas ambientais. Alguns dizem que o mercado de tapetes e ornamentos feitos de urso está levando a espécie à extinção; outros argumentam que as principais ameaças ao animal são as mudanças climáticas e a redução da área de gelo polar.
O assunto será decidido em março de 2013, em uma conferência ambiental da ONU sobre o comércio de espécies ameaçadas. A organização de proteção dos animais Humane Society International alega que os ursos polares estão a perigo não só por causa das mudanças no clima, mas pelo aumento da caça nos últimos anos.
"O motivo do crescimento do comércio de partes de ursos é a alta dos preços, algo extremamente preocupante", opina Mark Jones, diretor-executivo da organização. Segundo Jones, o número de peles de urso oferecidas em leilões aumentou em 375% nos últimos cinco anos - algumas sendo vendidas pelo equivalente a R$ 25 mil.
Opiniões divergentes
Anualmente, cerca de 600 ursos são mortos legalmente por caçadores no Canadá. Entre 2001 e 2010, foram comercializadas mais de 30 mil partes de ursos, como pele, dentes e patas. Críticos propuseram um veto ao comércio internacional e receberam o apoio de Estados Unidos e Rússia.
Até agora, a mais recente tentativa de proibir a venda de partes dos ursos havia ocorrido em 2010, mas sem sucesso, graças a votos contrários da União Europeia. O argumento vencedor foi o de que a caça não representava uma ameaça significativa para os animais.
Essa opinião é compartilhada por importantes ativistas, como a ONG WWF, que avalia que os perigos provocados pelo comércio internacional são pequenos se comparados às mudanças climáticas. Por isso, a ONG não fará campanha pelo veto, ainda que prefira que ele aconteça.
"Temos que focar na ameaça principal, e não nos distrairmos com uma relativamente menor", afirma Colman O'Criodain, analista de políticas de comércio da WWF. "Podemos dizer que isso (a discussão sobre o veto) é uma distração, que poderia fazer com que as pessoas pensassem que algo está sendo feito (para salvar os animais), quando o efeito será praticamente nulo."
Grupos como o Traffic International e a União Internacional para a Conservação da Natureza têm argumentos semelhantes.
Índios canadenses
Ao mesmo tempo, grupos indígenas no Canadá se opõem ativamente contra a proposta de veto. E criticam especialmente os Estados Unidos por defendê-la.
"O governo americano usa a ameaça de mudanças climáticas para justificar a interrupção no comércio internacional de partes de ursos polares, mas o país é incapaz de fazer qualquer coisa para reduzir suas próprias atividades (de degradação ambiental)", opina James Eetoolook, do grupo Nunavut Tunngavik, que representa os indígenas inuítes.
O grupo cita pesquisas próprias feitas neste ano na Baía de Hudson, no leste do Canadá, indicando que o número de ursos estaria aumentando, em vez de declinar.
Ativistas favoráveis ao veto esperam, porém, que o desfecho seja diferente do de 2010, contando com governos que ainda não decidiram qual será seu voto na conferência da ONU. A Grã-Bretanha, que se opôs ao veto há dois anos, é um dos países que dizem ainda estar "considerando as propostas".
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