Resumo:
Será moralmente defensável o especismo? O presente artigo defende que devemos ser imparciais, o que implica dar igual consideração aos interesses relevantemente similares (o que inclui interesses de animais não-humanos), não importando o portador do interesse. Isso implica, por sua vez, não apenas em abolir o uso dos animais como recursos (em oposição a meramente regulamentar para diminuir o sofrimento), mas, rejeitar o especismo e atender a um interesse de um animal não-humano toda vez que reconhecermos tal interesse como digno de ser atendido quando possuído por um humano.
Palavras-chave: Especismo, Igual Consideração, Abolicionismo, Imparcialidade.
Abstract:
Is speciesism morally defensible? This article argues that we should be impartial, which means giving equal consideration to relevantly similar interests (including interests of nonhuman animals), no matter the carrier of interest. This implies, in turn, not only to abolish the use of animals as resources (as opposed to merely regulate to lessen the suffering), but to reject speciesism and to promote an interest of a non-human animal every time we recognize such interest worthy of consideration when possessed by a human.
Keywords: Speciesism, Equal Consideration, Abolitionism, Impartiality
1 - A situação dos animais não-humanos.
Animais não-humanos são sujeitados rotineiramente a todo tipo de sofrimento e morte. Somente no uso para alimentação, trilhões deles são mortos mundialmente a cada ano, sendo que boa parte vive uma vida de intenso sofrimento nas granjas industriais, o que inclui a produção de ovos e laticínios[2]. O maior número de animais que humanos matam, contudo, se encontra na atividade da pesca[3]. O uso não se limita à alimentação. Quase todo setor da vida humana é marcado por usá-los: pesquisa, testes laboratoriais, caça, vestuário, entretenimento e na fabricação de quase todo tipo de produto.