Os rebeldes e as milícias da África descobriram o comércio ilegal de marfim. Objetos de desejo na Ásia, os dentes dos elefantes angariam belas somas que estão financiando guerras pelo continente. Os guardas florestais não têm a menor chance de impedir o massacre.
A reportagem é de Horand Knaup e Jan Puhl publicada pela revista Der Spiegel e reproduzida no Portal Uol, 14-09-2012.
Os oito guardas do Serviço Silvestre do Quênia passaram horas esperando escondidos entre arbustos e árvores. Um informante havia denunciado que os caçadores iam aparecer naquele local à tarde.
Quando os caçadores de fato apareceram, houve um longo tiroteio de 40 minutos que deixou um caçador somali morto ao lado de seu rifle automático. Os outros cinco, alguns deles feridos, conseguiram fugir para a mata, e assim terminou mais um expediente comum na vida dos protetores dos animais do Parque Nacional Tsavo East.
De fato, este dia, há duas semanas, foi um dos melhores. Os próprios guardas não sofreram perdas na escaramuça e chegaram lá em tempo, em vez de encontrarem a carcaça de um elefante com os dentes cortados, como é o caso tantas vezes.
Cerca de 500.000 elefantes ainda vivem na África, mas os caçadores matam dezenas de milhares por ano, e esse número está crescendo. Autoridades alfandegárias apreenderam mais de 23 toneladas de marfim de elefante contrabandeadas em 2011, a maior quantidade em 20 anos.