O Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio Grande do Sul decidiu punir duas ex-diretoras suspeitas de envolvimento no sacrifício de cães sadios no Hospital Veterinário da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), em Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre. O registro de uma delas foi cassado pelo órgão e o da outra foi suspenso. A denúncia foi revelada em novembro do ano passado. As mortes ocorreram em 2008 e envolvem cães abandonados que deveriam ser encaminhados à adoção.
A decisão do Conselho Regional de Medicina Veterinária foi tomada com base em denúncia feita pela própria Ulbra. A ex-vice-diretora do Hospital Veterinário da universidade, Carla Koech, teve o registro profissional cassado e fica proibida de exercer a profissão. Ela ainda pode recorrer da decisão. Há sete meses, o Jornal Nacional mostrou imagens em que ela apareceria ordenando a morte de cães que eram mantidos no Hospital. Após a divulgação, ossadas de animais foram encontradas no campus da universidade.
As imagens foram gravadas pelos próprios funcionários que executavam as ordens. Os cães eram mortos com injeções letais conhecidas por T61, usadas na eutanásia de animais. Depois de receber a dose, os animais agonizavam por vários minutos.
O Conselho também decidiu punir com três meses de suspensão do registro a médica veterinária Norma Centeno, ex-diretora da faculdade de veterinária da Ulbra. As duas médicas também foram condenadas a pagar multa de R$ 6 mil cada. Elas foram indiciadas pela polícia por envolvimento nas mortes.
Também foram processados o professor da faculdade Carlos Petrucci e os dois funcionários que fizeram os vídeos. Petrucci era um dos responsáveis por julgar veterinários suspeitos de irregularidades no Conselho, mas foi afastado do cargo quando o caso veio à tona. Todos negam as acusações.
Carla Koech não quis comentar caso. Norma Centeno não foi localizada pela reportagem e estava com o telefone celular desligado.Advogado falou em 'material plantado'
Após as denúncias terem sido divulgadas, o advogado Ricardo Medeiros e diretora do hospital, Cristina Zaffari, compareceram na 3ª Delegacia de Canoas em novembro de 2012 e entregaram fotos. "Acreditamos que este material foi plantado no local para incriminar a universidade", disse, à época, o advogado ao G1.
Um representante do Ministério Público descobriu a ossada em local indicado pelo ex-funcionário do hospital que gravou as imagens dos sacrifícios de 2008 em seu telefone celular."Chegou a informação do secretário de diligências do MP, de que na ossada havia animais recentemente descartados no local. Não acredito que este material tenha sido implantado no local, até porque essa diligência do MP não era conhecida e foi realizada na tarde de segunda-feira (19)", explicou ao G1 a delegada Sabrina Deffenti. As denúncias foram exibidas com exclusividade na noite de segunda. No novo inquérito, também será investigado se houve crime ambiental no descarte dos animais.
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Os animais aparecem nas imagens recebendo injeções de uma substância chamada T61, usada em eutanásia de bichos. Depois de receber a dose, os animais agonizam por vários minutos. Um deles, que aparece nas imagens, é imobilizado antes de ser sacrificado. Depois, ainda leva chutes de um funcionário do hospital antes da aplicação da nova dose da substância. Algumas injeções foram aplicadas por funcionários da limpeza, o que é proibido por lei.
Em um telefonema gravado, uma professora conversa com um destes funcionários para tratar do sacrifício de Faísca, um vira-lata que era mascote dos alunos do curso de Veterinária da universidade.
Segundo o funcionário que gravou a conversa, a voz é de Carla. À época, ela negou. "Nenhum desses sacrifícios, essas eutanásias, foram realizados com alguma deliberação, com alguma autorização de algum diretor, de alguma chefia de dentro do hospital veterinário", disse.
Também na época das denúncias, Norma afirmou que não sabia que os animais eram mortos. “Tínhamos toda uma atitude em relação ao bem-estar dos animais. Então era impossível que dentro de um projeto, um programa desses, tivesse isso aí”, alegou.
A Ulbra afirmou que só soube do caso este ano porque os funcionários envolvidos ajuizaram uma ação trabalhista contra a instituição e anexaram o vídeo como prova de um suposto "desvio de função".
"A palavra que pode ser dita é repugnância. E essa repugnância então ensejou essas duas denúncias, tanto ao Conselho de Ética quanto ao Ministério Público, para verificar se a autoria e os fatos são verídicos e dar os encaminhamentos penais devidos a cada um dos que cabem receber punição por aquilo que fizeram", afirma o assessor jurídico da Ulbra Jonas Dietrich, que denunciou o caso ao Conselho de Medicina Veterinária e ao Ministério Público. Nenhum dos envolvidos trabalha na universidade atualmente.
Fonte: G1
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