"Lugar de Girafa é na África" é a bandeira que passou a ser defendida em Sorocaba, pela Comissão de Justiça e Direito dos Animais. A iniciativa surgiu após a campanha em prol da vinda da espécie para o Parque Zoológico Municipal "Quinzinho de Barros". O projeto do novo recinto no zoo está em fase de elaboração e os animais devem ser adquiridos por meio de permuta ou compra, inclusive com possibilidade de serem importados do continente africano. "Cada animal que vem de fora incentiva a caça e o tráfico de animais", justifica a integrante da comissão e vice-presidente do Instituto Cahon, Cadicha Sastre.
A ativista explica que a comissão é formada por doze pessoas - diferentes profissões, de quatro organizações não governamentais (ongs). São elas: Instituto Cahon, Acesa, Coesão Poética e a ong Amigos dos Animais de Salto de Pirapora (AACSP). "A gente luta pelos direitos e justiça dos animais", ressalta.
Ao tomar conhecimento do interesse do vereador Francisco Moko Yabiku (PSDB) em trazer girafas para o zoo local, no ano passado, Cadicha comenta que a comissão lançou um banner com o slogan citado. Os ativistas devem entrar em contato com o vereador e fazer um trabalho de conscientização junto a população.
Cadicha adianta que a comissão pretende agendar uma reunião com o parlamentar antes do dia 8 de outubro, data de uma mobilização mundial pelo fim da exploração e da crueldade contra os animais, denominada WEEAC. Em Sorocaba, a comissão pretende ir às ruas, provavelmente no Praça Kasato Maru, no Parque Campolim, onde deve ocorrer um evento, por volta das 16h, liderado por ativistas abolicionistas, em prol dos animais. "A gente deve reforçar com orientações sobre as consequências de tirar os animais de seus habitat, nesse caso a girafa", adianta ela.
A espécie (girafa) é originária da África, conta a ativista. "Quando o animal sai do seu habitat, é claro que ele sofre e, às vezes, fica até doente e vive menos", ressalta. "Com isso é incentivada a caça e tráfico de animais, além de filhotes serem retirados de suas mães." Cadicha diz que o cativeiro não é lugar ideal para nenhum tipo de animal. "Por isso existem ongs que fazem a readaptação na natureza." Ela afirma que a comissão é totalmente contra o comércio de qualquer tipo de animal, inclusive de cães e gatos.
De acordo com Cadicha, a mobilização contra a vinda de girafas tem apoio do Movimento em Defesa dos Direitos dos Animais (MDDA) e do santuário do Grupo de Apoio aos Primatas (GAP). "O banner "Lugar de Girafa é na África" está no site do GPA", ressalta ela. Mais informações sobre o Instituto Cahon e o banner da campanha Lugar de Girafa é na África podem ser conferidos no site www.institutocahon.org.
Animais e meio ambiente
Formada em 2009 e coordenada por doze pessoas de Sorocaba e de Salto de Pirapora, a Comissão de Justiça e Direito dos Animais tem um histórico de trabalhos em prol dos animais e do meio ambiente, revela Cadicha. O trabalho com o MDDA rendeu várias iniciativas como o combate ao rodeios no município; a criação da delegacia de proteção animal, que funciona desde o início do ano no 2.º DP; interveio num projeto que culminou com a retirada de um item que permitia a utilização de animais para pesquisa; e a realização do Fórum Regional sobre Direitos Animais, no dia 27 de agosto deste ano.
Criadouro ou zoológico
A Secretaria do Meio Ambiente (Sema), por meio da Secretaria de Comunicação (Secom), informa que o projeto para a construção do recinto da girafa está em fase de elaboração para, então, ocorrer a licitação. Por enquanto não existe previsão da quantidade e data da vinda da espécie. A Sema avalia com outros zoos do Brasil e da América do Sul as possibilidades de permuta ou compra do animal. Caso não seja possível estuda sua importação de criadouros do continente africano.
Sobre a campanha lançada pela ong, a Secretaria do Meio Ambiente informa que tem conhecimento e não tem nada contra a iniciativa, porém, esclarece que se o zoológico de Sorocaba receber uma girafa, certamente "não virá de uma savana africana, onde o animal poderia viver em liberdade, mas sim, de um criadouro ou zoológico devidamente credenciado". Por meio de sua assessoria de comunicação, o vereador Yabiku afirma que os ativistas têm direito de fazer a campanha, mas, por outro lado, a o movimento em prol da vinda da espécie continua e a adesão tem aumentado.
Fonte: Cruzeiro do Sul
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