Diariamente dezenas de animais são abandonados em ruas e terrenos baldios da cidade. Muitos desses animais foram adotados ou comprados por impulso e seus donos se arrependeram do gesto. Mudança para outra cidade, para casas menores e até mesmo a chegada de filhos faz com que os animais - passada a fase engraçadinha de filhotes - sejam abandonados à própria sorte. Outro motivo que leva ao abandono de animais são as crias indesejadas e a falta de zelo pelos animais - que seguindo o instinto - escapam para procriar.
Para resolver esse problema de saúde pública é preciso que as campanhas de castração encontrem ecos na sociedade. Mas além do investimento, as pessoas acreditam que a recuperação é demorada e dolorosa. A solução encontrada por mais de 40 prefeituras do Brasil foi a castração química oferecida pelo laboratório Rhobifarma, que criou um medicamento que transforma o procedimento da castração cirúrgica, em uma esterilização indolor, sem cortes, sem anestesia geral e curativos, evitando complicações típicas de um pós-operatório.
O método consiste em aplicação intratesticulares (uma por testículo) do medicamento, chamado Infertile, que deixa o animal infértil em cerca de 30 dias após o procedimento. No abrigo Parque Francisco de Assis, em Lavras, interior de Minas Gerais, 85 machos foram esterilizados. Ana Nogueira, responsável pelo abrigo, comenta que o método se mostrou "prático, seguro e eficaz" e promete ser um forte aliado para o controle de natalidade e o consequentemente abandono que se pode ver nas ruas.
Durante a aplicação, os médicos veterinários do abrigo puderam observar que os animais responderam de forma positiva ao procedimento, com ausência de dor, comportando-se de forma normal. Também verificou-se que, após as aplicações, ausência de libido e cães mais tranquilos, com diminuição das brigas.
Entre as vantagens apontadas estão o custo, cerca de 70% menor do que a castração cirúrgica. "A ausência de dor decorrente do método, a praticidade e a economia são nossas melhores propagandas", diz Ricardo Lucas, responsável técnico da Rhobifarma, fabricante do Infertile. Em 2010 houve um crescimento de 800% no número de doses vendidas.
Universidade criou protocolo de aplicação
Para eliminar qualquer tipo de dor ou desconforto do animal foi desenvolvido pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Unesp (Universidade Estadual Paulista), câmpus de Botucatu (SP), um criterioso estudo que gerou um protocolo de aplicação.
Cerca de 30 minutos antes da esterilização foi aplicado um tranquilizante de uso comum e baixo custo. Nos testes realizados com estes protocolos não foram identificados sinais significativos de dor que obrigasse o uso de fármacos adicionais (analgésicos de resgate). Em comparação com o grupo castrado cirurgicamente (protocolo de anestesia tradicional) a manifestação de dor foi menor nos cães que usaram o Infertile. Outra observação importante é em relação a agulha, que é exatamente a mesma usada por diabéticos que necessitam injetar insulina, ou seja: ultrafina, assegurando assim o conforto do animal durante o procedimento. Na comparação com o grupo castrado cirurgicamente (protocolo de anestesia tradicional) a manifestação de dor foi menor nos cães castrados quimicamente.
Converse com o veterinário do seu animal sobre todas as possibilidades de esterilização e dê um passo significativo em direção à posse responsável.
Dúvidas comuns
Qual o grau de eficácia?
Uma aplicação do produto torna totalmente estéreis até 80% dos animais. Os 20% restantes tornam-se inférteis, pois apesar de capazes de produzir espermatozóides, o fazem em quantidade e qualidade insuficiente para a fertilização, com impacto na libido e efeitos irreversíveis.
Qual a idade mínima indicada?
Todos os cães machos a partir dos 3 meses de vida podem receber a aplicação, desde que já apresentem os testículos dentro da bolsa escrotal e a partir daí em animais de qualquer idade. O produto leva cerca de 30 dias para exercer o efeito esperado.
Existem riscos e impedimentos?
O médico veterinário deverá examinar as condições gerais do cão, bem como se apresenta a bolsa escrotal e os testículos. O produto não é recomendado em casos de criptorquidismo (também conhecido como "testículo escondido"), orquite (inflamação) severa e lesões de pele no escroto.
Fonte: Cruzeiro do Sul
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