Caso foi parar na polícia, onde foi registrado um boletim de ocorrência gera a denúncia de maus-tratos
O carro foi aberto por populares para
resgatar o animal desmaiado - Por: Cortesia
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Notícia publicada na edição de 08/12/2012 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 008 do caderno A
André Moraes
andre.moraes@jcruzeiro.com.br
O dono de um cachorro de cerca de 40kg é acusado de maus-tratos, por ter deixado o animal dentro de seu veículo na tarde de quinta-feira. O caso foi denunciado pela Associação Adote Sorocaba, que foi acionada por pessoas que viram o cão deitado no banco traseiro do carro, debaixo do sol forte que fazia naquele dia numa rua do bairro Santa Terezinha. Um Boletim de Ocorrência (BO) foi registrado na Delegacia Seccional de Sorocaba. O presidente da Adote Sorocaba, João Rodrigues Filho, acredita que tenha havido descaso por parte do dono do animal.
O aposentado Bernardo Ernesto Eisinger, 67 anos, nega a denúncia de maus-tratos, afirmando ter parado debaixo da sombra de uma árvore e que havia uma fresta da espessura de quatro dedos aberta no vidro traseiro do veículo.
De acordo com Rodrigues, o veículo permaneceu estacionado na rua Amazonas por um período aproximado de duas horas, entre 14h40 e 16h30. "Eu conversei com a síndica do prédio que falou que tinha registro no sistema de vídeo do prédio que o carro parou ali por volta das 14h40. Eu cheguei lá às 16h30, quando algumas pessoas já tinham aberto a porta do carro pois o cachorro estava desmaiado", relata o presidente da Adote Sorocaba.
Com isso, ele e algumas pessoas que se envolveram no caso, por estarem indignadas pelo fato de o animal ter sido deixado dentro do carro com o calor que fazia na quinta-feira, decidiram levar o cão à uma clínica veterinária que fica próxima do local. "O veterinário constatou que o cachorro estava com uma forte ensolação", diz.
Segundo Rodrigues, por volta das 17h20, o aposentado retornou ao veículo e viu que seu carro estava aberto e seu cachorro não estava mais ali. "Então as pessoas avisaram que a Associação o levou para uma clínica. Ele nos encontrou lá e eu falei que não ia devolver o animal. Então ele disse que ia para a delegacia e nós fomos também, porque acreditamos que houve um crime", afirma.
O escrivão da Polícia ouviu, então, os dois lados da história e registrou um BO, com o dono do cachorro reclamando por ter tido a informação de que não poderia levar seu cachorro para casa e com Rodrigues denunciando o aposentado por maus-tratos. A delegada que ficou responsável por assinar o documento policial, Jaqueline Barcelos Coutinho, informa que não acredita que o caso tenha se configurado como crime, pois o aposentado "não avaliou a possibilidade de o animal passar mal", ao deixá-lo dentro do carro.
O presidente da Adote Sorocaba avisa que deverá tomar medidas judiciais sobre o caso, não descartando, inclusive, em acionar o Ministério Público (MP).
O carro onde o cachorro estava também chamava a atenção pelo acúmulo de diversos objetos em seu interior, entre eles vários jornais, outros tipos de papéis, caixas de papelão, garrafas, documentos do aposentado - que ele mesmo disse que estavam ali -, entre outros utensílios. Além disso, Eisinger diz que sempre leva consigo diversos remédios veterinários, necessários para o tratamento do cão, além de uma panela que ele usa como vasilhame de água, que é dada para o animal beber, quando ele sai "passear" de carro com o seu dono.
"Estressei involuntariamente meu cachorro"
O dono do cachorro, o aposentado Bernardo Ernesto Eisinger, contesta as informações passadas pelo presidente da Adote Sorocaba sobre o ocorrido. Relata que estacionou o seu carro na rua Amazonas depois das 15h, já que saiu do Fórum, no Alto da Boa Vista às 14h40 e ainda parou para almoçar antes de ir até o local de onde começou a polêmica. "Eu precisava resolver um problema no Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) da rua Piauí e estacionei na esquina da rua Amazonas, onde tinha uma grande árvore. Então parei na sombra", alega, ressaltando, ainda, que deixou uma fresta aberta no vidro traseiro do carro para o seu cachorro poder respirar.
Segundo ele, o cão estava dentro do carro, enquanto ele resolvia alguns assuntos pessoais, pois ele está doente e necessita de cuidados frequentes de sua parte. "Ele ficou internado por 15 dias até a semana passada e agora anda junto comigo. Mas eu sempre deixo água fresca para ele dentro do carro", afirma.
O aposentado admite que possa ter errado em deixar o cachorro por tanto tempo dentro do carro, mas não acredita que o ocorrido tenha haver com a exposição do animal ao calor. "Ele já estava mal, mas eu posso ter estressado o cachorro, por achar que ele não ia sentir muito o calor que fez na quinta-feira. Eu falhei e estressei involuntariamente meu cachorro", declara. Eisinger disse que iria ontem até a clínica veterinária onde seu cão está internado, para tentar levá-lo para sua casa, pois acredita que não há nada que o impeça de fazer isso. Até o fechamento desta edição a informação é que o cão permanecia em poder da Adote Sorocaba.
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