Mais uma vez, famílias transferidas de bairro são obrigadas a abandonar animais


O fato se repete, veja notícia publicada na edição de 21/12/2012 do Jornal Cruzeiro do Sul, desta vez teremos que reclamar prá valer, é o que faremos.

Vitor Piovani 
vitor.piovani@jcruzeiro.com.br 
programa de estágio

Uma vez mais a história se repete: as famílias que estão sendo retiradas do bairro Santo André 2, em situação de risco, e transferidas para o Residencial Parque das Árvores, encontraram-se na obrigação de abandonar seus animais, uma vez que a Prefeitura julgou inviável, para os moradores, manterem os seus bichos de estimação nos apartamentos. No entanto, o amor pelos cães e gatos tem superado as expectativas da Prefeitura, porque os cidadãos estão buscando alternativas para contornar a situação, sem deixar para trás seus peludos amigos. Quem não quer ou não pode mover-se para o residencial, receberá o "Aluguel Social", que é um auxílio da Prefeitura correspondente a cerca de R$ 500,00.


O motoboy Sandro de Oliveira, de 40 anos, é um deles. "Tinha só um cachorro, agora adotei dois gatos e mais um cão que apareceram aqui, abandonados por outros moradores. Mas não vou para o apartamento, porque não cabe. Vou alugar uma casa", relata. Sandro adotou um cão que estava doente e, com a ajuda de Mônica, "amiga dos animais", está tratando-o devidamente, com o acompanhamento de um veterinário. Juntamente com Eliana, representante da Fundação Alexandra Schlumberger (FAS), que visa a proteção de animais, estão dando apoio aos animais abandonados, bem como ajudando a tratar os recém-adotados e os cães e gatos que viajarão com seus antigos donos e necessitam de tratamento. Segundo Eliana, não há lei que proíba o cidadão de levar o seu animal de estimação.

Waldomiro Pereira, açougueiro de 50 anos, não irá para o apartamento e deverá apertar seu orçamento por causa de sua cachorra, que está esperando uma nova ninhada. "Eu não quero apartamento porque não posso levar minha cachorra. Se pudesse, eu iria. Nos disseram que não podemos levar", completa, com semblante triste.

"Sem meu cachorro eu não saio daqui", com essa frase, Eliel Conceição Silva, pedreiro de 40 anos, abordou a reportagem. "O Chico é minha alegria, não vou sair daqui sem ele. Nem ele e nem o irmão dele, que andam grudados, serão deixados para trás. Vou dar um jeito", completou. Seu cunhado, Roberto Batista, 41, encarregado de manutenção, assumiu uma postura diferente diante do problema. "Não vou deixar meu cachorro. Me mudei ontem, mas vim buscá-lo hoje (19). Não podia, mas os moradores levaram e já tem cachorro lá, então vou levar o meu também."

Entre a melancólica situação em que o local se encontra, repleta dos escombros que restaram das casas demolidas, a alegria dos cães e gatos permanece. Em meio a pedaços de construção largados, eles procuram um novo dono ou algum tipo de alimento para continuarem vivos. Seja correndo enquanto brincam ou descansando sob alguma das poucas sombras que restaram por lá, os animais buscam a atenção das pessoas ao redor, mesmo que representada apenas com um simples afago na orelha.

A equipe de jornalismo do Jornal Cruzeiro do Sul tentou entrar em contato com a Prefeitura de Sorocaba ainda na manhã da última quarta-feira (19), mas até o fechamento desta edição não houve retorno. As questões tratavam sobre a proibição referente ao ato de levar os animais, bem como a transportadora ter negado o auxílio nesse processo, e também sobre a possibilidade da Seção de Controle da Zoonoses recolher os animais abandonados. Trata-se de um caso que ultrapassa os limites de amor ao animal, sendo uma questão de saúde pública, uma vez que um cão ou gato de rua pode levar doenças transmissíveis aos seres humanos e até mesmo animais parasitas nocivos à saúde de todos.

Em maio, foi publicada reportagem semelhante sobre as famílias que foram transferidas para o residencial Altos do Ipanema, que, também, foram obrigadas a abandonarem seus animais. Na ocasião, houve um inquérito aberto pelo Ministério Publico, mas foi arquivado, uma vez que a Prefeitura acabou consentindo a ida dos animais para os novos apartamentos. (Supervisão: Daniela Jacinto)

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