Número de queimadas aumenta 60% na cidade



Antes mesmo de se iniciar o período crítico de estiagem, já foram registrados 53 casos neste ano
Veronica Viudes
veronica.viudes@jcruzeiro.com.br
Programa de estágio
Nem bem começou o período de estiagem em Sorocaba e a cidade já registrou aumento no número de queimadas nos primeiros quatro meses deste ano, em comparação com o mesmo período de 2012. Segundo dados da Patrulha Verde, programa de prevenção e combate a incêndios da Secretaria do Meio Ambiente (Sema), neste ano, já são contabilizadas 53 queimadas. No mesmo período do ano passado, foram 33: ou seja, um aumento de cerca de 60%. 
A situação se agrava no período crítico de estiagem, fenômeno climático causado pela insuficiência de chuva. Ainda de acordo com registros da Patrulha Verde, no ano passado, nos meses de junho, julho e agosto foram constatados 372 casos em Sorocaba, o que representa mais de 68% do total do ano inteiro, 540. Porém, apesar do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) afirmar que a temporada de estiagem começa em junho e segue até agosto, Sorocaba teve, no ano passado, setembro como um dos meses mais críticos, com 128 ocorrências, perdendo apenas para agosto, com 165 focos de incêndio registrados.
Levando em conta esses dados e com a previsão de que o município passará por uma fase grave de seca nos próximos meses, o secretário da Secretaria de Segurança Comunitária (Sesco), Roberto Montgomery Soares, alega que serão feitas mais ações contra queimadas. “A previsão climática é de que até o mês de agosto não tenha praticamente nenhuma chuva na cidade. Assim, é muito provável que o número de focos de incêndio aumente. Com isso, serão intensificado as ações de combate aos incêndios”, revela. Nessa época, o Corpo de Bombeiros também intensifica as ações de prevenção. O tenente Eduardo Oliveira, oficial do 15° agrupamento do Corpo de Bombeiros de Sorocaba, conta que o tema é tratado em diversas atividades educativas. “Falamos do assunto no programa educativo Bombeiro na Escola e no bombeiro mirim, educando as crianças. Também realizamos campanhas preventivas, de educação para toda a população, utilizando todas as mídias possíveis”, diz.
O programa Patrulha Verde, que auxilia o Corpo de Bombeiros nos incêndios e queimadas, conforme o secretário Montgomery, está funcionando com uma equipe reduzida durante estes primeiros meses de 2013. “De maneira oficial, a Patrulha Verde somente começa a funcionar em aproximadamente 15 dias. Ainda está sendo feita uma readequação de pessoal, um remanejamento. E também está em avaliação a parte da fiscalização, responsável em averiguar a existência de terrenos com mato alto, terrenos sujos e também em punir nos casos de queimada. Mas, não é só o provocador da queimada que é punido. O proprietário do terreno também é”, explica. 
De acordo com o tenente Oliveira, a punição em casos de queimadas é aplicada pela prefeitura do município. “Sempre que ocorre um incêndio, a prefeitura é acionada, para que faça as devidas autuações. Ela é quem aplica as multas e realiza a fiscalização. E, aquele que provocou o incêndio, além de ser multado, responde por crime, podendo ser preso principalmente em caso de flagrante”, esclarece. 
Montgomery acredita que a existência dessa fiscalização e punição, em conjunto com a conscientização da população sobre os danos à saúde que a queimada traz, vêm colaborando para que o número de focos de incêndios criminosos diminua. “Só que, mais importante que punir, é prevenir essas queimadas. Por isso, pedimos sempre para que a comunidade ajude, fazendo denúncias através do 191 ou 193. E podemos perceber que os cidadãos estão mais conscientes, pois, o número de focos de incêndio de 2011 para 2012 reduziu em quase 50%. Em 2011, foram 970 ocorrências”, ressalta.
As queimadas realmente são motivos de queixa para muitos sorocabanos cientes dos problemas que a fumaça pode causar. O aposentado Sérgio Ricardo Lopes, por exemplo, reclama do grande número de ocorrências que acontece em seu bairro, o Wannel Ville 5, Zona Oeste de Sorocaba. “Todo dia tem queimada, principalmente no fim de tarde e à noite. O quintal amanhece sempre cheio de fuligem e a roupa que fica no varal fica cheirando fumaça. E essas queimadas diárias acontecem desde que me mudei pra cá, há 10 meses”, relata.
Mas, o que mais incomoda o aposentado são os problemas respiratórios ocasionados pelo tempo seco em conjunto com a fumaça vinda do fogo em terrenos baldios. “Eu estou fazendo tratamento, tomando remédios para tosse. O pior é que tenho um bebê de 9 meses e também está com problemas respiratórios, tossindo o tempo todo”, completa.
As ocorrências que ocorrem próximo ao bairro Wanel Ville 1, localizado na Zona Oeste, também são motivos de preocupação para a empresária Cátia Mira. Ela conta que, próximo ao seu bairro, na estrada Adão Pereira de Camargo, acontecem queimadas praticamente toda semana. “Sempre que passo por ali tem queimada, é incrível. Isso incomoda muito quando passamos de carro por ali. Não sei porque ainda fazem tanta queimada atualmente, sendo que todo mundo sabe a poluição que isso causa. Se é pra descartar alguma coisa velha, não tem motivo pra fazer isso. Existem outras maneiras para descartar. O pessoal não se importa!”, opina. (Supervisão: Juliana Simonetti)

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