Véspera do Dia do Rio Sorocaba, jacaré do papo amarelo, um dos símbolos do rio e muito querido pelos moradores não resistiu aos ferimentos
"Eu cheguei a ver ele (o jacaré) bem pequeno. Era a alegria da criançada. Todo mundo vinha aqui para conhecê-lo", lamentou o mecânico Cláudio Roberto Lucchesi. O técnico da Secretaria do Meio Ambiente, Welber Centeio Smith, esteve no local e disse que a perda foi "irreparável".
"Tratava-se de uma espécie em extinção. Era um dos símbolos do rio e sua permanência aqui comprovava que os níveis de poluição caíram drasticamente, ou seja, a água tem, sim, muita qualidade".
O prefeito Vitor Lippi (PSDB) também pediu para ser informado do ocorrido. Na semana passada, em Marselha, na França, quando participou do Fórum Mundial da Água, Lippi fez uma palestra para representantes de vários países, onde explicou o projeto do Município. Para ilustrar sua intervenção, usou uma foto do jacaré morto nesta quarta-feira. Fabrício Martins estava alcoolizado e, conforme testemunhas, deixou o local contando o que fez. "Ele passou por mim e disse, rindo, que deu mas bordoadas no bicho", comentou Jadilson Gomes.
A confusão chamou a atenção da Guarda Civil Municipal Elisete, que mora nas imediações. Assim que soube, ela correu atrás de Fabrício e o deteve na avenida Arthur Bernardes. A detenção foi apoiada por outros guardas que mantiveram Fabrício na viatura. Ele teve de ser conduzido logo ao plantão policial da zona norte onde foi autuado. Ele possuía antecedentes por furto e porte de arma, mas como cumpriu pena, não ficou preso. A ação de Fabrício foi enquadrada no que dispõe o artigo 29, da Lei 9605/98, que prevê pena de detenção de um seis meses a um ano e multa para quem matar, perseguir, caçar, ou utilizar espécimes da fauna silvestre. Esse prazo pode ser aumentado da metade, se o crime for cometido contra espécie rara, ou considerada ameaçada de extinção (caso do jacaré de papo amarelo).
A espécie
Réptil em fase adulta, com idade estimada de três anos, o jacaré de papo amarelo morto ontem, tinha 1,5 m de comprimento. Poderia chegar até a três metros. Conforme o biólogo Welber Smith, ele é típico da região, e vive em rios calmos, lagos e lagoas. Não é um animal arredio; ao contrário, podia ficar bom tempo aquecendo-se ao sol. Tanto assim que criou um elo com a comunidade do entorno do Piscinão do Jardim Abaeté.
Encontra-se em perigo de extinção por causa de fatores como a poluição de rios e lagos por esgotos, agrotóxicos e metais pesados; assoreamento, aterramento de lagoas, drenagem dos brejos; devastação da restinga pela exploração imobiliária, e caça pois sua carne é muito saborosa e sua pele utilizada para calçados e vestimentas. Os jacarés, ainda de acordo com o técnico da Secretaria do Meio Ambiente, são ecologicamente importantes porque fazem o controle biológico de outras espécies animais ao se alimentarem daqueles indivíduos mais fracos, velhos e doentes, que não conseguem escapar de seu ataque. Também controlam a população de insetos e dos caramujos transmissores de doenças como a esquistossomose (barriga-d'água). O réptil foi submetido a autópsia no Parque Zoológico Quinzinho de Barros e será empalhado para fins de pesquisas.
fonte: portal.cruzeirodosul.inf.br
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