INFOGRÁFICO: O FIM DOS LIXÕES?
Política prevê a eliminação das unidades de destinação inadequada no Brasil, principalmente dos lixões, até 2014
POSIÇÃO CAPITAL CAFEÍNA MÉDIA
(NANOGRAMAS/LITRO)MÍNIMO MÁXIMO PONTOS AMOSTRAIS 1º Porto Alegre 2257 1342 2769 3 2º Campo Grande 900 6 1793 2 3º Cuiabá 222 9 629 3 4º Belo Horizonte 206 8 599 3 5º Vitória 196 157 267 3 7º Curitiba 116 25 167 3 8º São Paulo 107 38 198 3 9º Belém 82 51 133 3 10º Goiânia 56 41 70 2 11º Natal 53 8 98 2 12º João Pessoa 40 5 74 2 13º Rio de Janeiro 31 26 36 2 14º Brasília 31 11 62 6 15º Florianópolis 19 19 19 1 16º Manaus 18 8 35 3 17º Salvador 16 7 34 3 18º São Luís 8 4 12 2 19º Recife 4 8 4 20º Fortaleza 2 5 4
Um estudo feito pelo Instituto de Química da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) indicou que a qualidade da água de Porto Alegre (RS) é a pior entre 20 capitais brasileiras. Já Fortaleza (CE) aparece no outro extremo da lista.
De acordo com a pesquisa, a principal preocupação é com os chamados "interferentes endócrinos" - substâncias que afetam o sistema hormonal. Segundo o pesquisador Wilson Jardim, existem cerca de 800 substâncias que são consideradas contaminantes emergentes, ou seja, que não são controladas por leis ou regulamentos.
"A portaria (2914, do Ministério da Saúde, que normatiza a qualidade da água potável) é muito estática, e a nossa vida é dinâmica, nossa sociedade é dinâmica", diz Jardim. "A cada ano, são mais de mil novos compostos registrados. Trinta anos atrás, as pessoas usavam três produtos de higiene quando acordavam, antes de sair de casa. Hoje são dez, em média."
De acordo com Jardim, essas substâncias são descartadas no esgoto e param nos mananciais por falta de procedimentos de limpeza. Na água dos mananciais, elas acabam por voltar ao consumo humano.
O cientista afirma que a qualidade atende aos requisitos do Ministério da Saúde, mas, ano passado, dois órgãos da ONU - a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) - publicaram um relatório conjunto que alerta para os possíveis riscos dessas substâncias.
"A saúde humana e animal depende da capacidade de reprodução e desenvolvimento normais, o que não é possível sem um sistema endócrino saudável", diz o texto. O documento cita problemas - como aumento no número de casos de certos tipos de câncer, ou a antecipação da idade da primeira menstruação das meninas, observados em vários países - que podem estar relacionados a essas substâncias, apesar de não haver evidências irrefutáveis da interferência desses contaminantes na saúde.
Os pesquisadores analisaram a presença de cafeína nos canos dessas cidades. "Como eu meço esgoto? Quando você capta água e passa na estação de tratamento, se você faz uma desinfecção muito boa, a impressão digital do esgoto desaparece. Então fomos buscar uma impressão digital química, que não seja destruída na cloração, que possa ser parcialmente removida na estação de tratamento da água, mas que ainda permaneça em quantidades mensuráveis. E a cafeína se mostrou um excelente indicador."
O cientista afirma que algumas estações de tratamento são capazes de remover até 99% da cafeína da água. “Então, mesmo quantidades muito pequenas podem indicar que o estresse do manancial por esgoto é alto”, disse.
Jardim explica também que as capitais que ficam no litoral costumam ter uma qualidade melhor da água. "As cidades litorâneas costumam jogar seu esgoto no mar", diz o pesquisador. "Isso tende a manter a contaminação do manancial baixa, embora talvez não seja uma boa ideia nadar por ali."
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