Uma pesquisa inédita no Brasil abre uma discussão em relação à aparente fofura e calma de cães que servem ao homem em terapias, em assistência diária ou em trabalhos policiais e de resgate.
Animais que atuam nessas atividades podem estar sofrendo de estresse sem que seu donos se deem conta.
O estudo, realizado no Instituto de Psicologia da USP (Universidade de São Paulo), analisou o comportamento de cães que trabalham com crianças carentes, idosos e pessoas com autismo, mas as considerações levantadas avançaram para outros tipos de trabalhadores.
Em 82% dos casos estudados em três ONGs (organizações não-governamentais) desde 2011, os cães apresentaram algum sinal de desconforto em casa ou no desempenho de suas atividades.
| Karime Xavier/Folhapress | ||
 | ||
| Cães de ONG "trabalhando" no hospital Dante Pazzanese; pesquisa aponta estresse entre animais |
RESULTADO
Para chegar ao resultado, foram analisados 25 sinais de fadiga no comportamento dos bichos, além de testes de níveis hormonais na saliva.
"É preciso um cuidado maior do que se tem hoje na escolha dos cães que serão trabalhadores, pois eles podem não estar se beneficiando em nada com a atividade proposta", diz a coordenadora da pesquisa, a médica veterinária Carolina Rocha.
Na prática, a pesquisa mostra que a tranquilidade de um cão-guia, por exemplo, pode não significar que o bicho esteja totalmente confortável com seu trabalho.
"Cães estressados vão seguir cumprindo seus deveres normalmente porque assim foram programados, mas terão sempre a ideia de fugir de seus donos", diz a veterinária Carolina.
DESCANSO
Geralmente, de acordo com a pesquisa, o animal trabalhador que se estressa a níveis muito altos foi mal selecionado para a função, teve treinamento punitivo ou condicionado a perdas do que gosta -seja a de uma bolinha ou de um colchão- e não passou por períodos de descanso e de revisão de procedimentos.
Entre as consequências do estresse para o cão trabalhador estão problemas digestivo a cânceres, passando pela ansiedade, perda de rendimento e menor longevidade.
PRAZER
Os especialistas afirmam que animais bem selecionados gostam e têm prazer com suas atividades e que, geralmente, a fadiga pode ser bem controlada e passageira.
Ainda de acordo com a opinião da pesquisadora, "é muito tênue a linha que separa o conforto do cansaço dos cães. É preciso estar atento a mudanças de comportamento repentinas e dar a eles tempo para desfocarem de suas obrigações".
Os sinais de estresse para cães domésticos são os mesmos que os dos cães trabalhadores. Mas, segundo os pesquisadores, cada cão tem um perfil de sinais de cansaço.
SINAIS
"Alguns cães podem mostrar mais o bocejar e o lamber os lábios, outros podem mostrar mais o farejar do ar. Dependendo do que aquele evento estressor significa para o animal, ele vai mostrar mais ou menos sinais."
da FOLHA - JAIRO MARQUES -29/09/2013 - 02h05
Postagens
0 comentários:
Postar um comentário