A Festa do Peão de Barretos (423 km de São Paulo), a maior e mais tradicional do Brasil, começa nesta quinta-feira (15) e deve ser marcada pelo acirramento de uma polêmica que há dois anos põe frente a frente organizadores, público e defensores dos animais: a questão dos maus-tratos.
O assunto ganhou novos contornos depois que, em 2011, a prova de bulldog foi suspensa por conta de um acordo entre os organizadores do evento e o Ministério Público. Nesse tipo de prova, o peão precisa saltar do cavalo em movimento para imobilizar um bezerro. Naquele ano, porém, imagens mostraram o bezerro tendo de ser sacrificado após a prova. O MP viu e não gostou.
Desde então, essa modalidade de competição está suspensa, até que a Justiça se manifeste sobre o assunto, segundo informou nessa quarta-feira (14) a promotora de Justiça e curadora do Meio Ambiente de Barretos, Adriana Nogueira Franco.
Elizabeth Mc Gregor, gerente de educação do FNPDA (Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal), que agrega cem entidades em defesa de bichos no Brasil, assina embaixo da decisão da promotora, mas diz que a suspensão da prova de bulldog ainda é pouco e não muda em nada o que os ativistas pensam sobre a festa.
As provas, segundo Elizabeth, causam sofrimento, estresse, lesões e muitas vezes levam os animais à morte. Os maus-tratos, diz, ocorrem não só durante as montarias, mas no transporte e no ambiente em que bois e cavalos permanecem. Ela cita os rojões soltos durante a competição como um dos fatores estressantes.
Condições 90% melhores
O veterinário Oneir Aparecido Caçador Júnior, 35, integrante da ABA (Associação Barretense de Animais), pensa diferente. Para ele, as condições dos animais na festa melhoraram 90% em relação a como eram há dez anos.
Ele disse que os maus-tratos ainda são uma realidade em 60% dos rodeios de segunda divisão do país, mas que, no caso de Barretos, considerado de elite, os sofrimentos dos bichos foram minimizados sensivelmente.
De acordo com Caçador, o próprio público se incumbe de fiscalizar eventuais excessos, e os donos de animais se preocupam com o bem-estar deles por serem muito valiosos. "Tem boi que vale R$ 1 milhão", afirma.
O veterinário defende que é preciso "dar um voto de confiança" à Festa do Peão de Barretos. "A festa movimenta a economia da cidade, gera empregos e muitas famílias dependem dela", declara.
Elizabeth, do FNPDA, afirma que o argumento de que os rodeios geram divisas para a cidade é "falacioso". De acordo com ela, o que atrai o público são os shows com artistas famosos, não animais saltando. "É inaceitável uso cruel de animais para entretenimento. A festa poderia ser feita apenas com shows, sem montarias."
Polêmicas à parte, outras provas envolvendo animais serão realizadas normalmente. Entre elas, rodeios com touros e carneiros (para crianças), cavalos, apartação de gado e manobras entre tambores.
A reportagem do UOL entrou em contato com a assessoria de imprensa da festa de Barretos por meio de e-mail para comentar as críticas ao evento, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.
A Festa do Peão de Barretos termina no próximo dia 25. Ela vai reunir 400 competidores do Brasil e de outros países. Haverá provas também de gastronomia (queima do alho) e de berrantes.
Durante os 11 dias, estão previstas cem atrações musicais, entre elas Gusttavo Lima, Jorge & Mateus, Chitãozinho & Chororó e Bruno e Marrone, entre outros. Embora o ritmo predominante seja o sertanejo, haverá shows de axé, música soul e house, em cinco palcos no recinto, projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer.
São esperadas cerca de 1 milhão de pessoas. "A Festa do Peão de Barretos é planejada para despertar emoção e alegria no público, alinhadas ao objetivo maior que é a preservação da cultura sertaneja e de raiz", declarou Hugo Resende Filho, presidente da associação Os Independentes, organizadora do evento.
Fonte: UOL
Notas da Redação: Lamentável saber que veterinários que dão os pareceres favoráveis aos rodeios são exatamente os que defendem essa bestialidade baseados no fato de que estão faturando com isso também, outros tantos veterinários peritos que são contra rodeios não são ouvidos. O juramento feito no curso de Medicina Veterinária é igual a todos, mas alguns se preocupam mais com lucro do que com os animais, isto é fato.
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