- Ativistas criaram página no facebook para tirar dúvidas de quem está com animais; deputado Ricardo Tripoli foi nomeado fiel depositário
- Advogados orientam que as demais pessoas que estão com os outros cães não se exponham, pois podem ser processadas
SÃO PAULO. Duas pessoas que estão de posse de Beagles — e uma que teve contato com oito cachorros — retirados do laboratório Royal, em São Roque (SP), relatam que os animais apresentam muitos problemas em decorrência do confinamento e das pesquisas às quais foram submetidos. Os problemas, conforme relataram ao GLOBO, variam de desconfiança e agressividade e vão até tumores e crises de abstinência. A grande maioria dos animais tem ainda lesões na língua. O que mais parece intrigar os donos, entretanto, é a existência de calombos nas orelhas dos Beagles.
— São como se fossem cápsulas. Ou são tumores ou são chips que foram implantados para liberar algum tipo de substância. O laboratório vai precisar se explicar no inquérito — disse uma das ativistas, que está com seis Beagles, todos machos.
Dos seis cães, todos estão doentes, inclusive um filhote de cinco meses. Ela já levou todos ao veterinário e resultados iniciais dos exames mostraram que todos estão com otite e plaquetas baixas. O filhote está com grampos nas vísceras, como revelou exame de raios X.
— Quase todos têm má formação de costela e calcificações estranhas. Vamos anexar ao inquérito todos esses laudos elaborados por dois veterinários diferentes. Nós vamos processar o instituto Royal — disse a ativista.
Um dos cães, conta ela, apresenta sinais de abstinência a uma substância não identificada que está investigada: tem os olhos muito inchados e está agressivo.
— Custa caro dar atenção a esses animais, por isso, estamos tentando orientar todos os que pegaram um cachorro. A doação não deve ser estimulada por enquanto, até saber o que eles têm e tratá-los, estamos tentando mantê-los com gente conhecida e de confiança — disse a ativista, que não quis divulgar seu nome, porque o inquérito ainda está em andamento. — Mas já sei que vou ter que depor, e estou preparada porque o que o laboratório fez é crime de responsabilidade ambiental.
A Secretaria de Segurança Pública informou que seis pessoas foram intimadas para prestar depoimento. As ativistas Luísa Mel e Nicole Puzzi também foram convocadas pela polícia. As oitivas de representantes do laboratório onde estavam os animais deverão depor nos próximos dias. Os laudos pedidos pela polícia devem ficar prontos em 15 dias, segunda a secretaria.
Os ativistas podem ser processados também, por furto, mas, segundo eles, “uma lei conflita com a outra”.
A ativista vai deixar parte dos seis cães com uma “amiga de confiança”, por não conseguir dar conta de todos eles sozinha. Foi criada uma página no facebook chamada Adote um animal resgatado do Royal, que já tem mais quase 400 mil curtidas.
— O que a gente pretende mais é orientar quem está com um cão a fazer exame, levar no veterinário, porque os animais estão precisando de cuidados — conta Daniel Guth, um dos responsáveis pela página.
Outro ativista, que teve contato com oito cães, relatou basicamente o mesmo. Há muitos com línguas quase caindo de tanto se morderem, entre outros problemas.
Bianca tem um tumor mamário; e Giovana, as mamas caídas. As duas estão com os dentes desgastados (indício, segundo o veterinário, de que mordiam grades) e são muito arredias e desconfiadas. Esta é a situação de duas cachorrinhas da raça Beagle que, provavelmente, foram retiradas do laboratório Royal, em São Roque, a 66 km de São Paulo, na semana passada. As duas estão sob a responsabilidade do deputado federal Ricardo Tripoli (PSDB-SP).
em http://oglobo.globo.com/pais/beagles-que-estao-em-sp-tem-crises-de-abstinencia-tumores-sinais-de-trauma-dizem-novos-donos-10486034#ixzz2iYkNBBA6
© 1996 - 2013. Todos direitos reservados a Infoglobo Comunicação e Participações S.A. Este material não pode ser publicado, transmitido por broadcast, reescrito ou redistribuído sem autorização.
0 comentários:
Postar um comentário