Empresário diz ter 'adotado' beagle do Royal e nega venda pela internet


Cachorro foi retirado do instituto, que conseguiu recuperá-lo na Justiça.
Homem que pegou animal diz não conhecer ativistas que resgataram cães.

Karina TrevizanDo G1, em São Paulo
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Empresário enviou foto de cachorro que teria sido adotado por sua família em Valinhos (SP). (Foto: Arquivo Pessoal)Empresário fez fotos do cachorro adotado por sua família em Valinhos (SP) (Foto: Arquivo pessoal)
O empresário que estava com um dos beagles levados do Instituto Royal afirma que jamais colocou o animal à venda em um site de compras e que nem sequer conhecia o laboratório de pesquisas. De acordo com o instituto, alvo de uma invasão de ativistas há dez dias, o animal encontrado em Valinhos (SP) com o empresário foi colocado à venda por R$ 2.700 na web. Neste domingo (27), por meio de uma ação judicial, o Royal conseguiu recuperar o animal.
O homem, que pediu para não ter o nome divulgado, ressalta que o cão estava sendo bem tratado por sua família. "Peço que tragam ele de volta. Eu tenho condições de cuidar dele até esse processo acabar. Ele já estava integrado. Não foi correto o que foi feito", diz.
O homem é português e vive com a mulher e a filha de 6 anos em um condomínio em Valinhos. Ele relata que sua família tem vários animais adotados e, por essa razão, sua mulher recebeu o pedido para cuidar do cachorro. "Eu nem conheço o Royal, para ser sincero. Foi alguém que pegou e levou, as pessoas sabem quem eu sou e me entregaram", afirma. O homem nega também conhecer os ativistas que entraram no instituto, em São Roque.
Ao receber o pedido para adotar o animal, que foi batizado pela família de Sir Willians, a mulher do empresário telefonou para ele, que está em Portugal a trabalho. "Eu falei: 'Absolutamente sim'", relata, sobre a resposta dada acerca do pedido. "Disse: 'Pode receber, o adotante sou eu'. Não foi a minha esposa, eu assumo que adotei um animal que era do Royal. Disse que se tivessem mais podiam levar cinco ou seis, pois tenho condições de criá-los", revela, acrescentando que pretendia cuidar dos animais pelo menos até que o processo envolvendo o instituto fosse concluído.
"Se depois a Justiça determinasse que eu devolvesse, eu devolvia", afirma. O empresário diz que um veterinário foi até sua casa para verificar as condições do cão. "O cachorro estava bem. Estava com as costas raspadas, alguns ferimentos, mas estava tudo em ordem. Estava, claro, meio debilitado e assustado. Compramos uma roupa para que ele ficasse mais quente e passasse a noite melhor", diz.
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Homem fez comparação entre página que estaria vendendo cachorro retirado do instituto e o animal que estava em sua casa. (Foto: Arquivo Pessoal)Homem fez comparação entre página que
pretendia vender o cachorro retirado do instituto e o
animal que estava em sua casa (Foto: Arquivo
pessoal)
Acusação de venda pela internet
O empresário nega a acusação de venda do animal pela web. "Sou um empresário honesto, jamais teria colocado uma coisa à venda no site. Foi terrível o que falaram", diz.

"Estou longe a trabalho vendo minha filha de 6 anos e minha esposa serem massacradas. Não sei de onde partiu isso. Vou tomar todas as atitudes cabíbeis", lamenta.
O empresário divulgou uma foto do cachorro que estava em sua casa, junto com uma reprodução da página onde havia um cachorro à venda. Ele ressalta que os dois cães são visivelmente diferentes. “Eu nem sabia disso [o caso do Instituto Royal], fiquei sabendo pela imprensa. Eu não sou ativista. Por favor, que tragam o Sir Willians de volta.”
Alvará suspenso
A Prefeitura de São Roque suspendeu na tarde da sexta-feira (25) o alvará de funcionamento do Instituto Royal por 60 dias. O prefeito Daniel de Oliveira Costa determinou a suspensão depois de receber documentos da comissão de deputados federais formada para acompanhar as investigações do caso, que ganhou repercussão em razão de uma invasão de ativistas na sexta (18). Os protetores levaram 178 beagles e sete coelhos do local.
O Ministério Público investiga o Insituto Royal desde 2012, quando os testes com animais levantaram suspeitas de maus-tratos.
O diretor científico do Instituto Royal, João Antônio Pegas Henriques, nega que os bichos sofressem maus-tratos. "Nossos animais não sentem dor. Não é feito nenhum tipo de teste com crueldade. Seguimos todas as normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), do Inmetro e da Comissão de Ética no Uso de Animais, além de termos a supervisão do Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal."

do G1

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