A reportagem é de Ciro Barros, publicado pela Agência Pública, 10/01/2014.
A Pública levantou pelo Portal da Transparência da CGU (Controladoria-Geral da União) os repasses federais para a saúde e educação entre 2010 e 2013. Foi em 2010 que foi firmada a Matriz de Responsabilidades, documento que reúne os investimentos previstos para a Copa. Em 9 das 12 cidades-sede (as três exceções são Brasília, São Pauloe Rio de Janeiro) o financiamento federal para a construção e reforma dos estádios para a Copa é maior do que os repasses da União para a educação nos últimos quatro anos. Em Recife, por exemplo, a construção da Arena Pernambuco recebeu um financiamento três vezes maior do que o que o Governo Federal repassou para a educação na capital pernambucana.
Infografia: Bruno Fonseca |
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Em pesquisa feita pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) em parceria com o IBOPE, publicada no último dia 25 de julho, 7.686 entrevistados de 434 municípios apontaram como os setores mais críticos do país – entre 25 selecionados – a saúde (desaprovada por 71% dos entrevistados), a segurança pública e a educação (desaprovada por 37%). Nesse comparativo com os gastos federais, deixamos fora a segurança pública, atribuição principalmente dos Estados.
A Pública elencou os investimentos públicos relacionados ao evento e dividiu-os entre os que ficarão como desejável legado para população brasileira (aeroportos, portos e mobilidade urbana) e os que foram feitos exclusivamente para a realização do mundial – como os estádios, os gastos em telecomunicações, segurança, turismo, etc. – sempre utilizando como dado os valores contratados (consequentemente comprometidos) de acordo com o Portal da Transparência da CGU. Só nas estruturas provisórias, montadas para receber espaços de mídia, exposição comercial e atendimento a torcedores VIP, entre outras coisas, foram gastos R$ 208,8 milhões em verbas estaduais nas seis sedes da competição de 2013.
No quadro abaixo, é possível visualizar o total dos repasses do Governo Federal para saúde e educação entre os anos de 2010 e 2013. Os dados foram levantados a partir do Portal da Transparência da CGU. No caso de 2013, estavam disponíveis os repasses até o último mês de setembro. Os repasses para Brasília estão bem acima das demais cidades porque a União banca integralmente os gastos com saúde, educação e segurança pública da capital federal, enquanto as outras cidades contam com verbas estaduais e municipais para estas áreas.
Com relação às obras de mobilidade urbana, consideradas como principal legado para as cidades-sede, foi grande a redução do previsto na Matriz de Responsabilidade: em vez dos 50 empreendimentos previstos para o setor em 2010, apenas 35 intervenções urbanas – e mais dez obras destinadas a facilitar o acesso aos estádios – permaneceram. Algumas obras, como o BRT Pedro II/Carlos Luz, em Belo Horizonte, foram desmembradas em intervenções menores. Até agora 24 obras de mobilidade urbana em 10 cidades-sede já caíram. O investimento público que não se concretizou em todas elas chega a quase R$ 7 bilhões.
do Unisinos
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