Carroceiros já entregaram 101 cavalos em Porto Alegre


      

Adesão de condutores de carrinhos é maior desde o início do trabalho de busca ativa nas ruas.


Por Isabella Sander
RS portoalegre carrocas54Quem entrega seu animal ganha uma indenização de R$ 1,5 mil (Foto: João Mattos / JC)

O processo que visa à restrição da circulação de carroças e carrinhos de tração humana em Porto Alegre até junho de 2015 tem ganhado adesão dos carroceiros e carrinheiros. O número de cavalos recebidos pela prefeitura subiu de 26, em abril, para 101, em setembro. Além disso, desde maio não há registro de animais encontrados em situação de maus-tratos.

Os condutores de carrinhos guiados por tração animal ou humana, que entregam seus veículos voluntariamente, ganham uma indenização de R$ 1,5 mil ou R$ 200,00, respectivamente. Os cavalos ficam em um abrigo da Empresa Pública de Transporte e Circulação, no bairro Lami, na zona Sul de Porto Alegre. Na área de 20 hectares eles recebem tratamento e ficam disponíveis para adoção.

Segundo Fernando Mello, coordenador do programa Todos Somos Porto Alegre (conjunto de ações para reinserir carroceiros e carrinheiros em outras áreas de trabalho), a adesão é maior desde o início da atuação de agentes para busca ativa, no começo de setembro. Foram contratados e capacitados 33 profissionais para fazer a abordagem na rua, criar um vínculo com eles e os acompanhar até que entrem em uma vaga de trabalho.

“Vimos que alguns carroceiros e carrinheiros tinham problemas de autoestima, de readaptar seus horários, de se incluir nos projetos. Eles tinham medo de entregar seu instrumento de trabalho e não conseguirem se recolocar. Agora, se sentem muito mais seguros”, afirma Mello.

Os 33 agentes atuam nas zonas 1 (cruzamento das avenidas Edvaldo Pereira Paiva e Ipiranga, até a Antônio de Carvalho, passando pela Bento Gonçalves e terminando no limite com Viamão) e 2 (Eixo Baltazar, Leste, Nordeste, Noroeste e Norte), onde já está proibida a circulação de carroças e carrinhos. Outras 27 pessoas serão contratadas no ano que vem para realizar a abordagem e a criação de vínculos nas zonas 3 (Humaitá e Navegantes) e 4 (Arquipélago e Centro).

A meta da prefeitura é qualificar 500 pessoas até o final do ano para trabalhar em unidades de reciclagem na Capital. “Imaginamos que eles gostariam de continuar atuando como recicladores, por isso investimos nesse tipo de curso profissionalizante”, aponta o coordenador. Por enquanto, 270 qualificações já ocorreram e 106 estão em andamento. De acordo com o cadastro do município, 2,3 mil pessoas já manifestaram estarem dispostas a deixar de ser carroceiro ou carrinheiro e mudar de profissão.

Onze unidades de reciclagem passarão por reparos em suas estruturas ainda em outubro, a fim de empregar ex-carroceiros e ex-caminheiros. Uma vistoria foi realizada em cada local e a prefeitura disponibilizou R$ 350 mil para essas obras, em torno de R$ 30 mil por unidade. Depois dessa etapa, será feita uma melhoria mais profunda, focando no aperfeiçoamento do processo, para que os profissionais que trabalham nesses centros aumentem suas rendas, que são calculadas conforme a produção de cada um. Hoje, os ganhos são de R$ 600,00 a R$ 700,00. O objetivo é subir esse valor para entre R$ 800,00 e R$ 900,00.

A Braskem destinou um investimento de R$ 450 mil para a confecção de um estudo técnico sobre essas melhorias, que está em fase de conclusão. A estimativa de Mello é que essas reformas sejam iniciadas até o final do ano.

Fonte: Jornal do Comercio

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