Santuários da vida selvagem, criadores conservacionistas e protetores de animais silvestres foram surpreendidos com uma solicitação da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), através do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama) e da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (SMA) para doação de saguis para experimentos científicos.
Estes animais farão parte de pesquisas com doenças neurológicas, como epilepsia e mau de Parkinson. Após os experimentos (que são extremamente agressivos), os animais serão sacrificados.
Chocados com o pedido, já que são instituições que lutam e investem dinheiro próprio para dar uma melhor condição de vida a animais que já sofreram tanto, os ativistas divulgaram nas redes sociais uma carta de repúdio. Segue abaixo o comunicado de uma destas instituições, o Projeto Mucky, que trabalha justamente com a preservação de pequenos primatas:
“Carta aberta à população em repúdio a crueldade na experimentação animal – Projeto Mucky
O Projeto Mucky recebeu e-mail da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo com solicitação para destinar saguis para pesquisas na Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP.
Esse e-mail foi enviado a diversas outras Instituições, que assim como nós, fazem trabalho com reabilitação de primatas. A maioria dos saguis recebidos são resgatados em condições precárias, vítimas de maus tratos, tráfico, acidentes domésticos, desmatamento e caça. São justamente esses animais que estão sendo solicitados para pesquisas, experimentação e vivissecção em grandes Universidades. É sabido que algumas instituições, zoológicos, centros de triagem da fauna, centros de reabilitação, mantenedouros de fauna silvestre e criadouros científicos para fins de conservação estão encaminhando saguis para Instituições que realizam pesquisas.
Infelizmente a população não conhece os bastidores dos laboratórios de experimentação animal. Muitas vezes os animais são mantidos em condições precárias, submetidos a testes que causam dor e sofrimento como choques, injeções de substâncias tóxicas, queimaduras, lesões na pele e outros órgãos, amputações e implantes de objetos, fixação de instrumentos em órgãos internos, fome, sede, privação de condições de luminosidade, ventilação e higiene, indução de doenças graves, indução de estresse, entre outros muitos testes realizados rotineiramente, sendo posteriormente eutanasiados ou sacrificados. Pesquisas e experimentos científicos são fundamentais, porém não justificam a tortura, crueldade e sofrimento animal.
Posto ainda que os animais solicitados para essas pesquisa são animais silvestres (pertencentes à fauna brasileira), lembramos o que está decretado na Constituição Brasileira de 1988, Capítulo VI que trata do meio ambiente: “Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
§ 1.º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao poder público:
VII – proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade.”
É uma lástima que os órgãos responsáveis ao invés de cumprirem seu papel na proteção desses animais, que são patrimônio do Estado, ainda abram "brechas" para que este tipo de absurdo aconteça com a nossa fauna.
Quantos projetos de soltura, reabilitação e reintrodução de espécies silvestres, que competem também a esses órgãos, são aprovados (e apoiados) em nosso país? Podemos dizer com certeza, que são em número bem menor do que as provações para experimentação animal e vivissecção. Cabe a nós, como cidadãos portadores de direitos e deveres assegurados por lei, manifestarmos nosso repúdio a todo tipo de ação que provoque prejuízo ao nosso patrimônio natural, bem como qualquer ato cruel cometido a seres passivos de dor e sofrimento como qualquer ser humano.”
SMA – A Secretaria de Meio Ambiente, através da assessoria de comunicação, informou que o órgão estadual apenas divulgou a solicitação do Ibama, já que as pesquisas científicas não são avaliadas, autorizadas e nem passam pela Secretaria, já que as mesmas são amparadas, fiscalizadas e controladas pelo Governo Federal. O Criadouro Científico da Unifesp está em situação regular e a pesquisa está aprovada pelo Ibama.
Fonte e Fotografia: Notícia Animal
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