Projetos de leis federais visam o fim dos rodeios

Após o sacrifício de um bezerro que havia ficado tetraplégico em uma prova de bulldogging na Festa de Peão de Boiadeiro de Barretos, foi apresentado na Câmara dos Deputados na semana passada um projeto de lei (PL) que proíbe este tipo de atividade e as laçadas nos rodeios.
“Essa questão do bezerro foi uma cena muito cruel, a gota d’água. Para dar espetáculo, não há a necessidade de explorar os animais”, afirma o autor da proposta, o deputado federal Ricardo Trípoli (PSDB-SP), ao Visão Oeste.



No bulldogging, o peão desce de um cavalo em movimento e deve derrubar um bezerro usando apenas as mãos. O PL 2.086/2011 “proíbe perseguições seguidas de laçadas e derrubadas de animal em rodeios ou eventos similares.”


“Essas provas não só submetem os animais a sofrimento físico e psíquico, mas a risco de lesões, rupturas musculares e paralisia”, afirma Trípoli.






Se o projeto for aprovado, o infrator pode ser multado em R$ 30 mil, valor que dobra na reincidência.
Segundo Trípoli, o PL é um passo no sentido de futuramente proibir totalmente os rodeios. No entanto, a proibição da prática está inserida em proposta mais ampla, o Código Federal de Bem-Estar animal, também apresentado por ele, que tramita desde 2007.


O projeto determina que os animais sejam isentos de “lesões, fome, dor, desconforto, medo e estresse”. “Dizer que não há maus tratos a animais em rodeios é inverdade”, afirma o deputado.


“Com a comoção causada pelo caso do bezerro, podemos aprovar mais rapidamente o novo projeto. O Código é amplo e deve demorar um tempo ainda para ser aprovado”, explica Trípoli.


Polêmica sobre maus tratos




Os rodeios são acusados por protetores dos animais de uma série de maus tratos. Dizem que o sedém (espécie de corda que passa pela região da virilha), por exemplo, aperta os testículos e causa dor intensa nos bois.




Já os defensores dos rodeios dizem que o equipamento causa apenas “cócegas” para incentivar o animal a pular. O uso de um condutor elétrico para levar o animal à Arena também é criticado.


“Em muitas provas a crueldade é explicita. O caso do bezerro foi um que chamou mais atenção da mídia, mas existem diversas ocorrências de mortes de animais e até peões pelo Brasil afora”, diz o presidente da Associação Humanitária de Proteção e Bem-Estar Animal (Arca Brasil), Marco Ciampi.




Frequentadora de rodeios desde a infância, a publicitária Gabriela de Oliveira, 25, da comitiva country Eskulacho, de Osasco, diz que “muitos animais de rodeio são mais bem tratados do que pessoas”. “É preciso que haja fiscalização, em alguns rodeios pode até haver maus tratos. Mas, no geral, há todo um cuidado, os bois que vão à Arena são treinados e bem cuidados para isso”, afirma.




Ciampi afirma que os rodeios tem grande público devido aos shows realizados na festa. “Já não há mais interesse nessa exploração do animal, que é algo que não faz parte da cultura do Brasil”. Gabriela concorda: “A maioria vai pelos shows”.




No entanto, diz ela, “a competição é muito interessante, é uma grande adrenalina”. Para Ciampi, “os empresários devem ser mais criativos, substituir as provas com animal por outros tipos, como touro mecânico, por exemplo”.


Fonte: Visão Oeste

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