Ciberativismo: Balanço do twitaço #odeiorodeio




Nos últimos dias 23 e 24, o Twitter vivenciou mais um dia de cidadania e mobilização. Dessa vez em favor dos animais. Foi feito o twitaço do #odeiorodeio, em protesto contra os rodeios brasileiros, em especial contra o de Barretos, onde semana passada um peão matou um bezerrinho na prova do bulldogging. O saldo foi muito positivo e merece ser lembrado por muito tempo.


Na campanha #odeiorodeio, os brasileiros opostos ao pseudoesporte deixaram claro que agora a ficha dos rodeios, mesmo o tão dito “bem-estarista” de Barretos, caiu irreversivelmente. O assassinato do bezerro foi a comprovação cabal de que, por mais que os organizadores de rodeios clamem “cuidar do bem estar” dos animais explorados, a violência é intrínseca àquelas competições.



Acredito que foram mais de 70 mil tweets com a hashtag #odeiorodeio – em torno das 22h do dia 23, o perfil @estadao havia contabilizado 43 mil. Sabido é que o twitaço ficou em primeiro ou segundo lugar nos Assuntos do Momento brasileiros (vulgo TTbr) por cerca de 14 horas seguidas e permaneceu entre os TTbr até a manhã do dia 24.
Desde os veganos até os comedores assíduos de carne se juntaram para mostrar ao mundo que o rodeio está sendo cada vez menos tolerado por aqui – o que se pode ver também nos comentários das notícias da Folha.com relacionadas à ”festa” de Barretos, com centenas de comentários protestando a cada notícia nova. Foi uma grande mensagem dos brasileiros de que, se depender da cada vez mais consciente opinião pública, daqui a não muito tempo os rodeios serão enfim proibidos por lei, e nem Barretos será poupado.
Porém, o twitaço acabou tendo um “adversário” um tanto atrapalhado: um contratwitaço reacionário com a hashtag #amorodeio, puxado por cantores sertanejos e que conseguiu chegar à segunda posição nos TTbr. Através dele milhares de brasileiros simpatizantes do rodeio mostravam gostar daquilo, tendo poucos deles dado argumentos pró-rodeio – todos facilmente derrubáveis – e a maioria se restringido a tratar a atividade como uma mera curtição e ignorando a questão animal.
Nessa disputa entre #odeiorodeio e #amorodeio, felizmente o primeiro ganhou de disparada. Em torno das 22h do dia 23, eram 43 mil tweets antirrodeio contra 9 mil pró-rodeio, e uma diferença vertiginosa, em favor do #odeiorodeio, no conteúdo dos tweets. Alguns neutros acharam os twitaços uma mera babaquice, crendo erroneamente que ali estava em jogo apenas uma questão de gosto cultural e desconhecendo a motivação de justiça por trás do #odeiorodeio.
A mobilização virtual antirrodeio mostra que os brasileiros estão cada vez mais cientes do mal que o rodeio causa aos animais explorados, muito mais cientes do que dez anos atrás, e a tendência é que a questão seja cada vez menos tratada como polêmica e mais vista como um motivo de repúdio sociocultural e sanção legal. Soma-se à questão dos casacos de pele, que foi tema de pelo menos dois twitaços bem-sucedidos no primeiro semestre deste ano e induziu três empresas a extinguirem suas coleções com peles naturais.
É um avanço na consciência do brasileiro médio, que cada vez mais se deixa conquistar pela compaixão, empatia e respeito para com os animais vítimas de exploração. Nessa tendência, não será de surpreender se dentro de alguns anos a pecuária também começar a ser largamente repudiada e o vegetarianismo se tornar tão popular quanto a atual opinião pública contra rodeios – contando-se inclusive com a máxima “Se ama uns, por que come outros?”.
No mais, os milhares de twiteiros estão de parabéns pela campanha. Dependendo de nós, o rodeio terá só mais alguns anos de prestígio no Brasil e tão logo cairá na mesma desgraça em que as rinhas caíram e o uso de animais em circos vem progressivamente descendo. O #amorodeio, por sua vez, dada a sua falta de embasamento ético em contraste com o #odeiorodeio, acabará sendo apenas uma lembrança de um passado em que muitos brasileiros não se importavam com o sofrimento animal e, contra tudo e todos, gostavam de um “esporte” em que os animais não humanos eram sempre os perdedores.

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