Cachorrinha tetraplégica ganha página no Facebook, e tutores tentam evitar eutanásias


A vira-lata Mocinha recebeu esse nome quando a atriz Julia Bobrow a resgatou, cinco anos atrás. A denúncia que circulava era de que o animal, que vivia em lares temporários de Osasco, seria sacrificado caso não aparecesse alguém para abrigá-lo. Mas Julia apareceu.
Um ano depois, uma doença degenerativa surgiu (até hoje não foi dado um diagnóstico preciso) e o bichinho foi perdendo a mobilidade: primeiro seu latido ficou rouco, depois as patas traseiras passaram a não suportar o peso do corpo, e em seguida foram as da frente que já não conseguiam mais se manter. Mocinha estava tetraplégica. E o que mais se ouvia dos veterinários e nos bate-papos era que a melhor opção seria a eutanásia.

Mocinha, vira-lata tetraplégica

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Arquivo pessoal
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Mocinha passeia em uma carrinho de bebê adaptado
"Da forma como entrava por um ouvido, saía pelo outro. Nunca foi assunto na nossa mesa, nunca foi sequer uma hipótese, desistir nunca foi uma opção", conta Julia, que criou uma página no Facebook (chamada Diário de uma Mocinha ) para contar o dia a dia de sua cachorra e mostrar como é esse mundo dos animais especiais.
De maio pra cá, já atraiu mais de 5.000 seguidores. A intenção também é incentivar a adoção (há várias feirinhas desse tipo, com cachorros e gatos que precisam de um lar) e evitar que eutanásias desnecessárias sejam feitas.
"Mocinha nunca sentiu dor, nunca soube o que é sofrer, talvez até hoje sequer saiba que carrega uma doença tão avassaladora", diz a atriz. "Qual seria, portanto, o nosso direito de tirar-lhe a vida, se a garantia dos direitos e do acesso a coisas essenciais como carinho, amor, alimentação, higiene e família estava, enfim, assegurada?"
Desde que a doença começou a se manifestar, a cachorra passa por alongamentos, sessões de fisioterapia e tem toda a atenção necessária para se manter bem. Recentemente, começou um tratamento com células-tronco, mas após a segunda aplicação verificou-se uma reação estranha, e a decisão foi parar.
Como ela não consegue fazer xixi sozinha, é Daniel Guth, marido de Julia, o responsável por apertar sua bexiga para que o xixi saia. Há um ponto certinho para pressionar, e o ritual é feito três vezes por dia.
Hoje em dia, Mocinha vive com Julia, Daniel e mais dois cachorros (Laica e Lola, também resgatadas das ruas), em um apartamento no centro de São Paulo.
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FEIJOADA EM PROL DA MOCINHA
O restaurante Goa (zona oeste de São Paulo) realizará, na próxima quarta-feira (24), uma feijoada especial da qual 50% da renda será revertida para os cuidados da Mocinha, como medicamentos e outros recursos necessários.
A iniciativa, chamada de Feijoada da Lola (nome da cachorra de estimação do chef Augusto Pinto), pretende beneficiar animais e instituições que lutam pela causa.
Este evento inicial, que terá como madrinha a atriz Lúcia Veríssimo, será realizado das 12h às 15h30, e o preço da feijoada vegetariana é R$ 20. Quem passar por lá poderá conhecer, claro, a Mocinha. E durante o almoço o artista plástico Reynaldo Berto irá realizar a pintura de uma tela, ao vivo.

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