Sorocaba: Saae é o principal assassino de nascentes


Na quarta incursão à nascente do córrego do Laranjeiras, descobriu-se que o principal assassino das nascentes sorocabanas é o Saae, autarquia que administra o abastecimento de água e o saneamento no município.

Baseado em procedimento legal, o Saae despeja as águas pluviais nas grotas, via boca-de-lobo, exatamente onde estão as nascentes. As enxurradas, despejadas sobre as minas, soterram as vertentes, vão abrindo crateras gigantes e espalhando lixo nos nascedouros dos córregos sorocabanos.

Foi assim que o riacho entre os bairros São Guilherme e Santo Amaro, zona norte de Sorocaba, morreu; e é assim, também, que o córrego do Laranjeiras está praticamente morto.

Além do Saae, o córrego do Laranjeiras sofre degradação de empresas particulares instaladas na avenida Atanásio Soares e Itavuvu. Há vários canos de esgotos apontados para o córrego, além de assoreamento provocado por obras próximas ao córrego.

Para acelerar o processo de morte do córrego, cogita-se a construção de um hotel às margens do riacho. A área foi, inclusive, desmatada para receber a construção.

Funcionários da secretaria do meio ambiente dizem que vivem em dilema com o Saae. Eles cobram da autarquia a retirada das bocas-de-lobo das cabeceiras das nascentes, mas o Saae diz que não tem onde escoar a água da chuva.

Rodolfo do Saae [foi assim que ele se identificou ao ser questionado Rodolfo de que], é categórico ao dizer que não há nenhuma possibilidade do Saae desviar as enxurradas das cabeceiras das nascentes. Rodolfo é chefe do departamento de drenagem da autarquia.

A secretária do meio ambiente, Jussara Carvalho, esteve no local e se mostrou triste com a situação, mas revelou que não tem forças para fazer quase nada. Ela sequer acompanhou a incursão à nascente.

A bióloga Karen Castelli, que acompanhou a incursão, marcada por uma retirada de lixo das margens do córrego, aponta que a solução é mudar a política predatória que o Saae aplica no descarte das águas pluviais em Sorocaba.

"Ás águas tem, por curso natural, que seguir para as áreas mais baixas, mas é preciso fazer com que elas cheguem com pouco impacto. As bocas-de-lobo devem ter tela para impedir a passagem de lixo e as águas devem cair em escadas ou em rachões [pedras de grande porte] para diminuir o impacto e não formar enxurrada", explica.

Sem se impactar, caindo livremente, as águas que saem forte das bocas-de-lobo formam enxurradas, que causaram erosão e soterram as nascentes.

Depois dessa quarta incursão ao local chego a triste conclusão de que o córrego do Laranjeiras deve desaparecer em muito pouco tempo.
Por: Jesus Vicente

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