RIO - Uma área de 13 mil quadrados, repleta de árvores, em Guaratiba, na Zona Oeste. O Centro de Proteção Animal da Secretaria Especial de Promoção e Defesa dos Animais (Sepda), instalado na Fazenda Modelo, teria tudo para ser um paraíso para bichinhos vítimas de abandono. Mas o endereço do principal abrigo da prefeitura tem sido alvo de denúncias de ONGs de defesa dos animais, que divulgaram fotos com imagens de maus-tratos e falta de higiene nas instalações da instituição.
As cenas são chocantes: gatos doentes deitados em gaiolas enferrujadas sem qualquer proteção; felinos comendo e bebendo água em recipientes com fezes, cães idosos num canil com paredes cheias de limo, corpos de gatos descartados num contêiner. O titular da Sepda, Cláudio Cavalcanti, nega que as fotos tenham sido feitas na Fazenda Modelo e garante que todos os 675 animais que lá vivem são tratados com dignidade.
Para verificar as condições do local, na última sexta-feira a promotora de Justiça Christiane Monnerat, que atua na área de proteção e defesa dos animais do Rio, visitou a Fazenda Modelo com uma veterinária e do promotor Vinícius Lameira, coordenador de Grupo de Apoio Técnico Especializado em Meio Ambiente do Ministério Público. Acompanhada por uma equipe do GLOBO, Christiane não flagrou cenas semelhantes às denunciadas, mas ficou chocada com as péssimas condições do canil, onde viu animais doentes dividindo espaço com cães sadios, em um local com paredes cobertas de limo e mofo.
Fezes, urina e mau cheiro
Na maior parte dos boxes havia fezes e urina, e o mau cheiro era insuportável. Os prédios estão velhos e sem conservação e, apesar de haver muito espaço disponível, os animais são mantidos em ambientes restritos. No passado, na área funcionou o maior abrigo de moradores de rua da cidade.
— Embora não tenhamos visto os maus-tratos mostrados nas fotos, constatamos que o local é abandonado e necessita de obras para ter o mínimo de condições de abrigar os animais. Como não vi crime, vou encaminhar o caso ao promotores de Tutela Coletiva, com recomendação para abertura de ação civil pública ou de um TAC (termo de ajustamento de conduta) — disse a promotora.
O secretário Cláudio Cavalcanti alega que os boxes do canil não têm umidade e que no momento da visita, feita por volta das 16h, o local estava molhado devido ao fato de ter sido lavado:
— A visita foi feita a partir das 16h, quando o o expediente se encerra às 17h. Obviamente, os canis acabavam de passar pela última limpeza do dia.
A protetora Ione de Oliveira Franco, de 73 anos, que vai semanalmente ao gatil da Fazenda Modelo, diz que os animais do ambulatório não recebem os cuidados necessários e acabam morrendo. E cita a falta de higiene, que faz com que muitos tenham bicheira:
— Lá tem muita mosca e, como os ferimento não são bem limpos, elas pousam e colocam ovos.
Em 29 de maio, após receber denúncias, o vereador Márcio Garcia foi à Fazenda Modelo. Ele diz que só conseguiu entrar depois de ameaçar chamar a PM:
— Vi um cenário triste: gatos em gaiolas enferrujadas, em uma sala que cheirava muito mal. No canil, fiquei impressionado com o péssimo estado dos cães, sujos, com pelos emaranhados. Se eles querem oferecer os animais para adoção, deveriam cuidar deles. Quem vai querer levar para casa um animal naquele estado?
As ONGs apontam ainda a escassez de profissionais e a queda no número de animais desde o início do ano.
— Em seis meses, percebi que os animais sumiram, principalmente no canil — diz uma voluntária, que pediu para não ser identificada. — Quando perguntamos, não informam se foram adotados.
Desde 13 de junho, ONGs já fizeram pelo menos três protestos na cidade contra o “inferno da Fazenda Modelo”.
Secretário acredita em avanço
Indignado com as denúncias, o secretário especial de Promoção e Defesa dos Animais, Cláudio Cavalcanti, afirma que nas fotos não há nada que prove que elas foram tiradas na Fazenda Modelo. Com relação às críticas de subutilização do espaço, ele diz que a capacidade máxima do abrigo é de cerca de 800 animais.
— Não podemos nunca lidar com o quantitativo máximo, uma vez que há necessidade de manter espaço livre que permita o recolhimento diário, evitando o confinamento, que é a maior praga que assola os abrigos.
Segundo o secretário, os animais não ficam confinados em pequenos espaços, como afirmam as ONGs, e sim “contidos” porque estão em tratamento médico. E informa que haverá novas instalações para receber os cavalos da Ilha de Paquetá. Cavalcanti afirma que o serviço da Fazenda Modelo é um avanço, já que até 2011 os animais recolhidos nas ruas do Rio era sacrificados no Centro de Controle de Zoonoses. Ele diz que há 20 veterinários e 26 tratadores trabalhando no local, que abriga 320 cães, 324 gatos, 13 cavalos e 19 galos de briga.
FoRIO - Uma área de 13 mil quadrados, repleta de árvores, em Guaratiba, na Zona Oeste. O Centro de Proteção Animal da Secretaria Especial de Promoção e Defesa dos Animais (Sepda), instalado na Fazenda Modelo, teria tudo para ser um paraíso para bichinhos vítimas de abandono. Mas o endereço do principal abrigo da prefeitura tem sido alvo de denúncias de ONGs de defesa dos animais, que divulgaram fotos com imagens de maus-tratos e falta de higiene nas instalações da instituição. As cenas são chocantes: gatos doentes deitados em gaiolas enferrujadas sem qualquer proteção; felinos comendo e bebendo água em recipientes com fezes, cães idosos num canil com paredes cheias de limo, corpos de gatos descartados num contêiner. O titular da Sepda, Cláudio Cavalcanti, nega que as fotos tenham sido feitas na Fazenda Modelo e garante que todos os 675 animais que lá vivem são tratados com dignidade.
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GALERIA Imagens do principal abrigo de bichos da prefeitura
Para verificar as condições do local, na última sexta-feira a promotora de Justiça Christiane Monnerat, que atua na área de proteção e defesa dos animais do Rio, visitou a Fazenda Modelo com uma veterinária e do promotor Vinícius Lameira, coordenador de Grupo de Apoio Técnico Especializado em Meio Ambiente do Ministério Público. Acompanhada por uma equipe do GLOBO, Christiane não flagrou cenas semelhantes às denunciadas, mas ficou chocada com as péssimas condições do canil, onde viu animais doentes dividindo espaço com cães sadios, em um local com paredes cobertas de limo e mofo.
Fezes, urina e mau cheiro
Na maior parte dos boxes havia fezes e urina, e o mau cheiro era insuportável. Os prédios estão velhos e sem conservação e, apesar de haver muito espaço disponível, os animais são mantidos em ambientes restritos. No passado, na área funcionou o maior abrigo de moradores de rua da cidade.
— Embora não tenhamos visto os maus-tratos mostrados nas fotos, constatamos que o local é abandonado e necessita de obras para ter o mínimo de condições de abrigar os animais. Como não vi crime, vou encaminhar o caso ao promotores de Tutela Coletiva, com recomendação para abertura de ação civil pública ou de um TAC (termo de ajustamento de conduta) — disse a promotora.
O secretário Cláudio Cavalcanti alega que os boxes do canil não têm umidade e que no momento da visita, feita por volta das 16h, o local estava molhado devido ao fato de ter sido lavado:
— A visita foi feita a partir das 16h, quando o o expediente se encerra às 17h. Obviamente, os canis acabavam de passar pela última limpeza do dia.
A protetora Ione de Oliveira Franco, de 73 anos, que vai semanalmente ao gatil da Fazenda Modelo, diz que os animais do ambulatório não recebem os cuidados necessários e acabam morrendo. E cita a falta de higiene, que faz com que muitos tenham bicheira:
— Lá tem muita mosca e, como os ferimento não são bem limpos, elas pousam e colocam ovos.
Em 29 de maio, após receber denúncias, o vereador Márcio Garcia foi à Fazenda Modelo. Ele diz que só conseguiu entrar depois de ameaçar chamar a PM:
— Vi um cenário triste: gatos em gaiolas enferrujadas, em uma sala que cheirava muito mal. No canil, fiquei impressionado com o péssimo estado dos cães, sujos, com pelos emaranhados. Se eles querem oferecer os animais para adoção, deveriam cuidar deles. Quem vai querer levar para casa um animal naquele estado?
As ONGs apontam ainda a escassez de profissionais e a queda no número de animais desde o início do ano.
— Em seis meses, percebi que os animais sumiram, principalmente no canil — diz uma voluntária, que pediu para não ser identificada. — Quando perguntamos, não informam se foram adotados.
Desde 13 de junho, ONGs já fizeram pelo menos três protestos na cidade contra o “inferno da Fazenda Modelo”.
Secretário acredita em avanço
Indignado com as denúncias, o secretário especial de Promoção e Defesa dos Animais, Cláudio Cavalcanti, afirma que nas fotos não há nada que prove que elas foram tiradas na Fazenda Modelo. Com relação às críticas de subutilização do espaço, ele diz que a capacidade máxima do abrigo é de cerca de 800 animais.
— Não podemos nunca lidar com o quantitativo máximo, uma vez que há necessidade de manter espaço livre que permita o recolhimento diário, evitando o confinamento, que é a maior praga que assola os abrigos.
Segundo o secretário, os animais não ficam confinados em pequenos espaços, como afirmam as ONGs, e sim “contidos” porque estão em tratamento médico. E informa que haverá novas instalações para receber os cavalos da Ilha de Paquetá. Cavalcanti afirma que o serviço da Fazenda Modelo é um avanço, já que até 2011 os animais recolhidos nas ruas do Rio era sacrificados no Centro de Controle de Zoonoses. Ele diz que há 20 veterinários e 26 tratadores trabalhando no local, que abriga 320 cães, 324 gatos, 13 cavalos e 19 galos de briga.
Fonte : o Globo
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