O nível do gás-estufa mais importante, o dióxido de carbono, chegou à marca de 400 ppm, a maior concentração presente na Terra em milhões de anos e um valor há muito temido pelos cientistas.
A medição não significa que, instantaneamente, haverá mais problemas ou doenças relacionadas ao CO2. Mas o patamar atingido é considerado um marco simbólico pelos pesquisadores.
Nas últimas décadas, os cientistas assinalaram que, para evitar um aquecimento excessivo da Terra, esse limite não deveria ser ultrapassado. O resultado de agora demonstra que os esforços para controlar as emissões de carbono provocadas pelo homem estão falhando.
A informação é publicada pelo The New York Times e reproduzida pelo jornal Folha de S. Paulo, 11-05-2013.
As evidências mostram que o nível desse gás no ar nunca esteve tão elevado nos últimos 3 milhões de anos. Os cientistas acreditam que essa elevação possa provocar grandes alterações no clima e nos níveis dos oceanos.
"Isso simboliza que, até agora, nós falhamos enormemente em evitar esse problema", disse Pieter Tans, que administra o programa de monitoramento da NOAA (Administração Nacional de oceanos e Atmosfera dos EUA), instituição que reportou o resultado.
Ralph Keeling, que coordena outro programa de monitoramento no Instituto Scripps de Oceanografia, em San Diego, disse que um aumento contínuo seria catastrófico. "Isso significa que nós estamos perdendo a possibilidade de manter o clima abaixo do limite que a pessoas pensavam que era tolerável até agora".
A nova medição veio de análises no topo do vulcão Mauna Loa, no Havaí, considerado o marco zero das tendências da concentração de CO2 no mundo.
Dispositivos instalados no observatório local coletam amostras de ar que é soprado a milhares de quilômetros pelo oceano Pacífico, produzindo um registro de aumento do nível de dióxido de carbono que tem sido acompanhado de perto por meio século.
O pai do pesquisador Ralph Keeling, Charles Keeling, começou com as medições de dióxido de carbono em Mauna Loa e em outros locais no fim da década de 1950. Na época, os níveis eram de 315 ppm.
Suas análises revelaram um aumento implacável e de longo prazo, tendência que foi batizada curva de Keeling.
Medições no Ártico e no próprio Havaí, no ano passado, já haviam indicado concentrações acima de 400 ppm, mas sempre por um período de poucas horas. Na última quinta, foi a primeira vez que a marca média se manteve por um dia inteiro.
O dióxido de carbono sobe e desce em um ciclo sazonal. Seu nível deve cair para menos de 400 ppm no verão do hemisfério Norte, à medida que as folhas que crescem por lá retiram 10 bilhões de toneladas de carbono do ar.
Mas, para os especialistas, a queda será breve e se aproxima o dia em que a medição, em qualquer parte da Terra, estará acima dos 400 ppm.
Desde 1992 há esforços para reduzir as emissões de carbono. Mas, ao invés de diminuir, elas estão aumentando em ritmo acelerado, parcialmente devido ao crescimento econômico nos países em desenvolvimento.
Cientistas temem que os níveis possam dobrar, ou mesmo quadruplicar, antes de ficarem sob controle.
fonte: Unisinos
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