O governo anuncia nas próximas semanas medidas para estimular a produção de alimentos orgânicos, mercado que movimenta mais de R$ 100 bilhões no mundo.
O foco do plano é alavancar a produção nacional de orgânicos e tornar a agricultura tradicional brasileira mais sustentável.
Para isso, o Executivo vai ampliar o volume de crédito disponível, reduzir juros, estimular o desenvolvimento de tecnologia e atrair novos consumidores.
Um dos desafios é intensificar a cultura do consumo e reduzir o preço nas gôndolas de supermercado, em média 30% mais altos, segundo dados da Associação Brasileira de Orgânicos, a Brasilbio.
A Folha teve acesso a detalhes da proposta em discussão pelo governo.
Serão ampliados os limites de financiamento com juros mais baixos e fixados prazos mais longos de pagamento.
Uma das linhas permitirá empréstimos de até R$ 1 milhão de reais por produtor com taxa anual de 6,75%.
Os ministérios da Agricultura e da Ciência e Tecnologia também anunciarão mais investimento em pesquisa.
O governo quer, ainda, ampliar os bancos de sementes no país. A meta é passar dos 300 atuais para 800 até 2015.
O volume total de recursos para bancar a política nacional ainda não foi definido, mas a intenção do governo é fechar o programa a tempo de ele poder ser anunciado pela presidente Dilma Rousseff durante a conferência Rio+20, na segunda quinzena de junho.
CRESCIMENTO
No Brasil, a produção de orgânicos tem crescido, mas ainda engatinha.
Hoje, há cerca de 15 mil produtores orgânicos cadastrados no Ministério da Agricultura, número considerado muito baixo frente ao dado mundial de 1,6 milhão.
Na Índia, há mais de 400 mil produtores. Em área, a Argentina está bem à frente do Brasil. O vizinho produz mais de 4 milhões de hectares, contra 1,5 milhão no Brasil.
mão de obra
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Um dos grandes gargalos ao crescimento de produção no Brasil, segundo especialistas, é a falta de mão de obra para esse segmento. As escolas hoje costumam formar técnicos com a visão tradicional da agricultura.
Resultado: produtores orgânicos não encontram pessoal qualificado para desenvolver e aumentar a lucratividade de suas lavouras.
Entre as ações definidas no plano do governo estão também a ampliação de cursos em instituições federais de ensino para a formação de profissionais especializados no setor, como agrônomos e veterinários orgânicos.
O foco do plano em estudo é o mercado interno, já que o país, segundo o próprio governo, ainda não tem condições de cobiçar, de forma agressiva, os consumidores internacionais.
Conforme especialistas, o conceito de produto orgânico não diz respeito apenas ao cultivo livre de agrotóxico, mas envolve também preocupações sociais e com o ambiente.
Fonte: Folha
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