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Experiências mostram recuperação de áreas degradadas no Mato Grosso




Cresce número de iniciativas coordenadas por instituições governamentais e não-governamentais visando adequação ambiental
Com a necessidade de recomposição de áreas degradadas em Mato Grosso, muitas ações foram apresentadas e discutidas na última quarta-feira durante um ciclo de palestras realizado pela Embrapa Agrossilvipastoril e pela Rede de Sementes do Cerrado em Sinop (MT).
Exemplo disso é o trabalho realizado em Alta Floresta, visando a recuperação de 4 mil nascentes, ou a Rede de Sementes do Xingu, que organiza uma rede de coletores de sementes de espécies nativas visando a produção de mudas e a semeadura de vegetação nativa nas cabeceiras do rio Xingu, ou ainda a criação do Programa Mato-grossense de Municípios Sustentáveis.
“Fiquei bastante impressionado com o Mato Grosso. O local está dando um passo muito importante que é ação das cidades em projetos de adequação”, avalia o coordenador do projeto Semeando o Bioma Cerrado, José Rosalvo Andrigueto.
Além de dar visibilidade às diferentes iniciativas, o evento discutiu aspectos de legislação e tecnologia sobre a produção de sementes e mudas.
Foi também uma forma de promover a troca de informações entre os envolvidos na cadeia da recomposição de áreas degradadas.
“A agente vê que muitas dessas ações se encontram no sentido das propostas, dos objetivos e da forma de atuação. Isso demonstra que a gente partilha valores e que precisamos fortalecer estas relações, para de fato construir processos que não sejam apenas modelos pontuais, mas que apresentem uma forma de atuar com implicações em legislações, em articulações junto a esfera pública”, avalia o engenheiro florestal do Instituto Socioambiental Danilo Urzedo.
Para o pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril, Ingo Isernhagen, o evento buscou ainda formar um grupo de pessoas para discutir permanentemente a questão em prol da superação dos desafios do setor.
“Esse evento tenta trazer estas experiências para formar um núcleo técnico em Mato Grosso para discutir isso de uma forma mais ampla e até para influenciar políticas públicas, linhas de pesquisa e linhas de crédito”, analisa.
Organização da cadeia
As atividades de adequação ambiental são muito recentes e ainda estão sendo estruturadas. Um dos aspectos importantes é a necessidade de organização da cadeia, gerando oferta e demanda de sementes e mudas de qualidade e alternativa de renda para os produtores rurais que necessitam se adequar.
Dessa forma, em muitos dos projetos em andamento em Mato Grosso é possível ver duas frentes de atuação.
Uma delas atua no início do processo, organizando rede de coletores de sementes, como a Rede de Sementes do Portal da Amazônia, a Rede de Sementes do Cerrado e a Rede de Sementes do Xingu.
Nesse processo atuam agricultores familiares, extrativistas e assentados da reforma agrária. Por meio de casas de sementes coletivas, eles conseguem se organizar para comercializar a produção.
Outro viés do trabalho é a garantia de renda aos produtores que precisam adequar suas propriedades, de modo conscientizá-los de que o reflorestamento não irá trazer perdas em sua produção.
Nesse processo é feita a assistência técnica buscando a adoção de tecnologias de manejo que possibilitem aumento da produtividade usando áreas menores. Outra ação é o plantio de espécies nativas que possam gerar renda no futuro, seja na coleta de frutos e essências, ou no manejo sustentável de madeira.
“Quando a gente pensa em alternativa de geração de renda, precisamos olhar para as duas pontas da cadeia. Ao mesmo tempo em que ela tem que articular propostas para estabelecer alternativas para as comunidades que vão coletar semente, ela também tem que apontar um caminho para o fazendeiro que irá plantar floresta”, explica Danilo Urzedo.
Tecnologia de adequação
Outro aspecto ainda em estágio inicial quando se trata de adequação ambiental é a tecnologia disponível para utilização.
De acordo com o pesquisador Ingo Isernhagen existem poucos resultados de pesquisa sobre espécies florestais nativas e muitas vezes o conhecimento utilizado é apropriado de outras áreas.
“Na verdade tudo que está sendo feito pelas ONGs, pelas secretarias municipais de meio ambiente e por nós na Embrapa é incorporar um pouco do conhecimento popular e das tecnologias conhecidas para o manejo das sementes agrícolas para que as sementes florestais se tornem mais viáveis do ponto de vista da germinação e estabelecimento, para melhorar a qualidade na ponta final”, explica.
Ingo ressalta, entretanto, a dificuldade ainda encontrada quando o assunto são as espécies florestais nativas devido ao desconhecimento da ecologia das espécies, como época de florescimento, intervalo de produção, por exemplo. Além disso, a diversidade de espécies amplia os desafios da ciência.
“Uma coisa que é curiosa é que quando a gente fala de restauração ecológica, não necessariamente a gente está buscando um padrão, uma coisa só, um melhoramento genético. A gente quer é a diversidade. Então é por isso que temos muitos conflitos sobre o que se faz para a recomposição em larga escala, sobre o que a lei está trazendo e quais os métodos que a ciência está utilizando para gerar este conhecimento”, explica Isernhagen.
Fonte: Portal Brasil
Publicado no Portal EcoDebate, 12/12/2014