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DiCaprio organiza leilão com renda destinada à causa ambiental



O ator está no elenco de 'O Grande Gatsby'
Foto: BangShowBiz / BangShowBiz

O ator americano Leonardo DiCaprio será o astro, na próxima segunda-feira (13), de um leilão organizado em Nova York pela casa Christie's com o qual espera arrecadar milhões de dólares para a proteção do meio ambiente, uma de suas causas prediletas.

Serão vendidas no total 33 obras, a maioria delas oferecidas por artistas contemporâneos de renome. Os organizadores da venda, associados com a Fundação DiCaprio, esperam obter US$ 15 milhões de, o que representaria um recorde para um leilão destinado a financiar a defesa do meio ambiente, afirmou à Loic Gouzer, encarregado da venda da Christie's.

Leonardo DiCaprio estará presente na noite. Os recursos arrecadados servirão para financiar projetos a favor do meio ambiente e a preservação de espécies ameaçadas. Entre as obras à venda estão uma tela de Zeng Fanzhi, O Tigre, procedente da coleção do multimilionário François Pinault e cujo valor é estimado entre US$ 1,5 e 2,5 milhões.

Também haverá um retrato de DiCaprio, pintado em 2013 por Elizabeth Peyton (estimado entre US$ 400 mil e 600 mil). O leilão será realizado dois dias antes do lançamento nos Estados Unidos do filme O Grande Gatsby, de Baz Luhrmann, no qual DiCaprio interpreta Jay Gatsby.

do Portal Terra

Tomada gruda na janela e armazena raios solares para carregar smartphones durante dez horas


Criar produtos que aproveitem e ao mesmo tempo poupem recursos naturais é uma tendência
Aproveitar a energia solar para facilitar o cotidiano das pessoas. Este talvez seja o principal diferencial de um produto desenvolvido pelos designers Kyohu Song e Boa Oh.


A dupla criou uma tomada que o usuário fixa na janela de uma residência ou da empresa, por exemplo, e que aproveita os raios solares para gerar energia capaz de fazer funcionar aparelhos eletrônicos ou até mesmo carregar smartphones. O produto ainda não está disponível para venda, segundo o site argentino La Bio Guia, especializado em fomentar práticas sustentáveis e de preservação do meio ambiente.

O produto tem, na extremidade usada para ser fixada na janela, pequenas células solares, que recebem os raios e os convertem em energia. E segundo os criadores do produto, a ideia foi mesmo criar uma tomada que qualquer pessoa pudesse carregar e instalar sem dificuldade.

A 'tomada solar' também armazena energia quando não está em uso, por isso, depois de receber os raios solares por cinco ou seis horas (dependendo da intensidade), o produto, garantem seus desenvolvedores, podem ser usados pelo consumidor por dez horas.


Proteção das áreas marinhas como garantia da sustentabilidade



Entrevista especial com Ronaldo Francini Filho

“Infelizmente algumas áreas protegidas contra a pesca sofrem de outro problema: a qualidade da água, que está declinando muito rapidamente na costa brasileira”, lamenta o biólogo. (Unisinos, 07/05/2013)

Confira a entrevista.



Foto: http://www.imagensdeposito.com
“Estamos vivendo um momento em que nunca foi tão difícil criar uma unidade de conservação, principalmente marinha. Infelizmente a conservação do meio ambiente tem sido vista como um entrave ao desenvolvimento”. A constatação é de Ronaldo Francini Filho, que se dedica ao estudo da preservação das áreas marinhas e apoia a criação de uma legislação para preservar tais regiões. Segundo ele, menos de “5% das áreas marinhas brasileiras são protegidas, e algumas delas são consideradas protegidas apenas no nome, como as Áreas de Proteção Ambiental – APAs estaduais, que foram criadas na década de 1980 para permitir o licenciamento estadual e não mais federal e, para que com isso, os governos estaduais pudessem barganhar com as empresas que gostariam de explorar a área costeira dos estados”.

Na entrevista a seguir, concedida por telefone, o biólogo informa que a “maior parte das APAs estaduais não apresenta plano de manejo, e nenhum tipo de fiscalização. Também existem as áreas integralmente protegidas, onde a pesca e qualquer tipo de atividade extrativista é proibida, mas essas correspondem a menos de 1% na costa brasileira”. Para ele, as atividades comerciais em larga escala e o implemento dos portos no país “são os principais responsáveis pela oposição, inclusive dentro do governo, para a criação de áreas protegidas no Brasil e para a manutenção das áreas protegidas hoje”.

Ronaldo Francini Filho (foto abaixo) é graduado em Ciências Biológicas pela Universidade de São Paulo, mestre e doutor em Ciências (Zoologia) pela mesma universidade. É professor efetivo do curso de graduação em Ecologia da Universidade Federal da Paraíba – UFPB.

Confira a entrevista.

IHU On-Line – Em que consiste a proposta da Lei Mar? Como vê a iniciativa de criar uma legislação para preservar as áreas marinhas brasileiras?

Foto: http://www.institutoecofaxina.org.br

Ronaldo Francini Filho – Existem legislações para a preservação de alguns ecossistemas brasileiros, como a Mata Atlântica. Nesse sentido, a Lei Mar tem os mesmos moldes das demais leis que foram criadas para preservar outros ecossistemas. Essa lei ainda está sendo discutida por diversos atores que têm interesse no ecossistema marinho, mas a intensão é de que ela seja criada o quanto antes, uma vez que se percebe um avanço da degradação deste ecossistema.

IHU On-Line – Qual a importância dos oceanos para os serviços ambientais?

Ronaldo Francini Filho – Os oceanos oferecem uma série de serviços que são utilidades para a vida humana, tais como processos que geram o ar que respiramos, os peixes que comemos, os fármacos consumidos, que são produzidos a partir de uma série de organismos marinhos como esponjas e corais. Há ainda um universo microbiológico dentro dos organismos marinhos, os quais estão sendo pesquisados para se saber quais são os benefícios em relação a uma série de doenças. Por enquanto estamos perdendo essa biodiversidade e esse potencial farmacológico de compostos bioativos.

IHU On-Line – Pode explicar o que é a Amazônia Azul?

Ronaldo Francini Filho – Amazônia Azul é um termo cunhado pela Marinha do Brasil de forma estratégica para chamar atenção ao tamanho do ecossistema marinho, que se estende ao longo de oito mil quilômetros da costa brasileira. Então, trata-se de uma zona econômica enorme, que é ainda maior que a Amazônia Verde. O termo foi cunhado como uma forma de chamar atenção para esse ecossistema, apesar das críticas recebidas. De todo modo, ele serve para que se preste mais atenção nesse grande ecossistema, o qual fornece serviços que fazem com que se tenha sustentabilidade no longo prazo.

IHU On-Line – Que percentual das áreas marinhas é protegido no país? Quais são as áreas marinhas protegidas atualmente e quais precisam de proteção?

Ronaldo Francini Filho – Menos de 5% das áreas marinhas brasileiras são protegidas, e algumas delas são consideradas protegidas apenas no nome, como as Áreas de Proteção Ambiental – APAs estaduais, que foram criadas na década de 1980 para permitir o licenciamento estadual e não mais federal e, para que com isso, os governos estaduais pudessem barganhar com as empresas que gostariam de explorar a área costeira dos estados.

Então, a maior parte das APAs estaduais não apresenta plano de manejo e nenhum tipo de fiscalização. Também existem as áreas integralmente protegidas, onde a pesca e qualquer tipo de atividade extrativista é proibida, mas essas correspondem a menos de 1% na costa brasileira. Precisamos lembrar que o Brasil foi o primeiro signatário da Convenção da Biodiversidade, comprometendo-se em criar, até 2012, 20% de áreas protegidas. O país está muito aquém, enquanto outros cumpriram suas metas.

IHU On-Line – Por que o percentual de áreas protegidas ainda é muito pequeno? Desde quando a preservação é um tema que aparece na política ambiental do Estado brasileiro? Como o Brasil se posiciona diante das discussões acerca da preservação dos oceanos?

Ronaldo Francini Filho – Em alguns países foram criadas áreas protegidas como na Austrália. Esse processo envolve a comunicação entre todos os atores envolvidos nas áreas protegidas, incluindo os setores turístico, de pescador, científico, da Marinha e de empresas interessadas no ramo. Esse é um processo relativamente lento. A criação desses espaços precisa de articulação e vontade política.

Estamos vivendo um momento em que nunca foi tão difícil criar uma unidade de conservação, principalmente marinha. Infelizmente a conservação do meio ambiente tem sido vista como um entrave ao desenvolvimento. Precisamos mudar esse paradigma. A sociedade necessita se organizar, e a questão da preservação das áreas marinhas é importante porque milhares de pessoas dependem da preservação dessas áreas. As áreas protegidas são incluídas como áreas de manejo, porque já sabemos que com a proteção acabamos incrementando os estoques pesqueiros nas adjacências das áreas não protegidas. Então, quando se protege uma região, há um incremento na pesca, ao contrário do que se pensa.

IHU On-Line – O que gera mais impacto ambiental nas áreas marinhas brasileiras?

Ronaldo Francini Filho – A pesca é ilegal, sem dúvida. Falta fiscalização em áreas muito importantes, como os parques nacionais de Abrolhos e Fernando de Noronha. Infelizmente algumas áreas protegidas contra a pesca sofrem de outro problema: a qualidade da água, que está declinando muito rapidamente na costa brasileira. Isso faz com que ocorram eventos de mortalidade em massa de corais e outros organismos importantes para o ecossistema como um todo. Com isso a atividade pesqueira começa a cair. Então, precisamos nos preocupar tanto com a questão da pesca quanto com a qualidade da água.

IHU On-Line – A exploração de petróleo ainda causa muito impacto nos oceanos?

Ronaldo Francini Filho – Sim, sem dúvida. A atividades comerciais em larga escala, que geralmente favorecem uma pequena parcela da população, a exploração de petróleo, a exploração mineral de calcário e o implemento dos portos no Brasil são os principais responsáveis pela oposição, inclusive dentro do governo, para a criação de áreas protegidas no Brasil e para a manutenção das áreas protegidas hoje. Existem propostas da Agência Nacional de Petróleo – ANP para a criação de blocos de petróleo adjacentes ao Parque Nacional Marinho de Abrolhos. Então, realmente são coisas que não levam em consideração a sustentabilidade e a conservação marinha. Precisamos encontrar um meio-termo entre o crescimento econômico, o desenvolvimento, e a conservação do meio ambiente ou, do contrário, o Brasil irá acabar como a China.

IHU On-Line – Como vê a proposta de uma governança global dos oceanos?

Ronaldo Francini Filho – A governança global faz parte de uma das estratégias para tentar vincular a conservação em escala global, uma vez que, muitas vezes, a conservação não pode ser só em escala local. Temos os problemas relacionados às espécies migradoras, como tartarugas, tubarões. Então, há um estoque que é conservado em um país e que vai ser repescado em outro. É preciso elaborar acordos globais para conseguir manejar esses recursos e conservá-los em escala global. Claro que as medidas mais efetivas nas últimas décadas têm sido implementadas em escalas locais, as quais estão, de alguma maneira, inseridas dentro desse contexto global.

Aquecimento global e suas implicações para o futuro humano.

Entrevista especial com Ernesto Lavina

“As pessoas duvidam que exista uma evidência física de que o mundo está mudando. Ela existe sim, e são as geleiras”, afirma o geólogo.

“Estamos em um momento realmente crucial. Todas as vezes, nos últimos 800 mil anos, em que a temperatura média da Terra atingiu patamares como os atuais, entramos em um novo período frio, que culmina com período glacial. Como não há nada de novo acontecendo em termos tectônicos na Terra, poderíamos dizer que dentro de um período de 10 a 15 mil anos entraremos em uma nova era glacial. É um palpite, em função de que a memória da Terra tende a prevalecer”, afirma Ernesto Lavina, professor da Unisinos, em entrevista concedida, por telefone, à IHU On-Line.

Segundo ele, “o vulcanismo é a chave de tudo o que acontece na Terra. Só que, paralelamente a isso, temos a interferência humana”.

O geólogo explica que “se não existisse o efeito estufa, a temperatura média da Terra seria algo como 18ºC abaixo de zero. Na verdade, o efeito estufa não é o vilão por si só. É o acúmulo, principalmente do vapor d’água, do CO2 e um pouquinho de metano e ozônio, que fazem com que a temperatura seja algo hoje entre 13 e 14ºC acima de zero”.


O tema desta entrevista será o tema da conferência que o geólogo e professor proferirá na próxima terça-feira, dia 07-05-2013, na Sala Ignacio Ellacuría e Companheiros, no IHU, das 19h30 às 22h, na programação do I Seminário que prepara o XIV Simpósio Internacional IHU – Revoluções Tecnocientíficas, Culturas, Indivíduos e Sociedades. A modelagem da vida, da produção do conhecimento e dos produtos tecnológicos para a tecnociência contemporânea que ocorrerá de 21 a 24 de outubro de 2014.

Ernesto Lavina é geólogo e doutor em Geociências pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS. É professor na Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos. Tem experiência na área de Geociências, atuando na área de geologia sedimentar.

Confira a entrevista.

IHU On-Line – O senhor pode falar sobre as principais mudanças climáticas ao longo da história da Terra?

Ernesto Lavina – A Terra, ao longo do tempo, alterna períodos quentes com períodos frios. A nossa época (atual) é considerada um período frio, em que existem calotas polares. A observação e o estudo do registro geológico, pelo menos nesse último bilhão de anos (ou nesses últimos mil milhões de anos) mostra que ele pode ser dividido em duas partes. A primeira, de 1 bilhão de anos até 550 milhões de anos atrás, é de quando o planeta foi muito frio, mais frio até do que hoje. Havia muitas geleiras espalhadas pelas latitudes médias e altas. Houve um momento, em torno de 640 milhões de anos atrás, em que toda a Terra se congelou, inclusive o Equador. É a teoria da Bola de Neve.

Outra coisa que é preciso entender: a Terra é um planeta vulcânico. Todo o sistema e a atmosfera da Terra – e seu ecossistema – se mantêm por causa do vulcanismo. Se não existisse o vulcanismo, nós não estaríamos aqui. Estamos a aproximadamente 150 milhões de quilômetros do sol. Isso é uma distância imensa. Se não existisse o efeito estufa, a temperatura média da Terra seria algo como 18ºC abaixo de zero. Na verdade, o efeito estufa não é o vilão por si só. É o acúmulo, principalmente do vapor d’água, do CO2 e um pouquinho de metano e ozônio, que fazem com que a temperatura seja algo hoje entre 13 e 14ºC acima de zero. Toda essa diferença é devida à acumulação de vapor d’água e de CO2, principalmente. O nitrogênio e o oxigênio, que são os gases que compõem 99% da atmosfera da Terra, são absolutamente transparentes à radiação infravermelha. Isso significa que eles não absorvem nem emitem calor.

Tudo o que acontece na Terra tem a ver com esse pequeno percentual de vapor d’água e CO2 na atmosfera. Então, as principais mudanças ao longo do tempo geológico se resumem à alternância de momentos de frio e calor. Como essa que eu citei, de um bilhão de anos até 550 milhões de anos, quando a Terra foi muito fria, sendo que culminou num momento em que a temperatura caiu abaixo de zero e se pensa que deve ter havido um manto de gelo com até dois quilômetros de espessura cobrindo todo o planeta. E depois, em uma fase de um vulcanismo gigantesco, o planeta aqueceu. E daí entramos nesses últimos 500 milhões de anos em que o planeta foi, na maior parte do tempo, bem mais quente do que hoje, o que significa que não havia gelo, inclusive nos polos.

Quando olhamos a história da Terra, os momentos em que existe gelo dos polos nesses últimos 550 milhões de anos são muito raros. Um momento é o atual. Houve um outro, há 300 milhões de anos, e outro, pequeno, há 444 milhões de anos. Fora isso, a Terra era bem mais quente do que hoje e o nível do mar era muito mais alto.

IHU On-Line – O que mais contribui para o aumento do aquecimento global: as mudanças cíclicas da Terra ou a ação danosa do ser humano ao meio ambiente?

Ernesto Lavina – Na história da Terra, da qual o homem não faz parte, são as mudanças naturais, e aqui cito o vulcanismo, que joga em dois times. Um tipo de vulcanismo libera uma quantidade muito grande de CO2 na atmosfera, mas libera pouca cinza vulcânica. Esse vulcanismo, ao longo do tempo, vai produzindo o efeito estufa. O CO2 vai absorvendo a radiação infravermelha, o calor, e o planeta vai esquentando. Só que existe um outro tipo de vulcanismo, que joga uma quantidade gigantesca de cinzas para a atmosfera superior. É uma explosão. A câmara magmática vira literalmente pó. Se esse pó estiver em volume suficiente para bloquear ou diminuir a radiação solar que chega à Terra, ocorre o que se chama de inverno vulcânico: o planeta congela instantaneamente. Isso aconteceu há 74 mil anos. O mundo passou por uma era glacial que quase extinguiu a humanidade. Ao longo do tempo geológico, o vulcanismo é a chave de tudo o que acontece na Terra. Só que, paralelamente a isso, temos a interferência humana.

Informações da internet

Ao fazer uma pesquisa na internet fiquei impressionado com o grau de desinformação das pessoas. Existe muita falácia nessa questão do aquecimento global. As pessoas se perguntam na internet como se pode falar em aquecimento global antes de existir o aparelho que media o CO2. Ora, se pode sim. Aquela neve que cai nas geleiras vai aprisionando bolhas de ar. De modo que o gelo tem uma quantidade grande de bolhas de ar aprisionada. Então se pode, tirando o testemunho das grandes geleiras do planeta, medir diretamente o teor das bolhas de ar. Podemos estudar hoje os últimos 800 mil anos da história da Terra a partir das bolhas de ar. O que se mostra é que nos últimos 800 mil anos o teor de CO2 na atmosfera mal chegou a 300 ppms.

A partir da revolução industrial, o CO2 começa a subir e desde 1983 ele literalmente dá um salto, com a curva de subida ficando quase vertical. Isso é dado objetivo. As pessoas duvidam que exista uma evidência física de que o mundo está mudando. Ela existe sim e são as geleiras. É impressionante a comparação das fotos do início do século com imagens atuais das maiores geleiras do planeta. Eu, que estou acostumado a ver com isso, fiquei assombrado. Isso não é subjetivo. As geleiras estão derretendo, o nível do mar está subindo, o CO2 está aumentando exponencialmente (hoje deve estar cruzando a linha dos 400 ppms).

O homem hoje está produzindo cerca de 10 bilhões de toneladas métricas por ano de CO2. Isso não é um número pequeno. Todo ano, a respiração de todos os seres, os fogos naturais, as fumarolas vulcânicas no fundo do mar e os vulcões de modo geral produzem algo em torno de 150 e 200 bilhões de toneladas métricas de CO2. Daí alguém pode dizer: ah, mas a indústria só produz 10 bilhões, o que é menos de 5%. Então o homem só contribui com 5% do CO2.

Só que aqui temos um outro dado: hoje se sabe que o principal gás do efeito estufa na Terra é o vapor d’água. Se ele é o principal, o CO2 é menos eficiente e o homem só contribui com 5%, então a sociedade industrial não seria a responsável pelo aquecimento global. Só que aqui é preciso ter em conta que existe uma série de ciclos de realimentações.

O gelo, as calotas polares e geleiras são absolutamente sensíveis a qualquer variação na temperatura da terra. Onde o gelo recua, a região onde agora é solo e água, tem capacidade de reter muito mais calor, porque o gelo é reflexivo, ele devolve para o espaço a maior parte da radiação solar que bate sobre ele. Com esse aquecimento da água e do solo, a atividade bacteriana aumenta e o solo chega a ter três vezes mais CO2 do que a atmosfera. Daí chegamos ao limiar do metano.

A Terra possui estoques gigantescos de metano: no fundo dos oceanos, nos solos congelados, nas florestas. O metano é 23 vezes mais eficiente que CO2 para aprisionar calor. Estamos em um momento realmente crucial. Todas as vezes, nos últimos 800 mil anos, em que a temperatura média da Terra atingiu patamares como os atuais, entramos em um novo período frio, que culmina com período glacial. Como não há nada de novo acontecendo em termos tectônicos na Terra, poderíamos dizer que dentro de um período de 10 a 15 mil anos entraremos em uma nova era glacial. É um palpite, em função de que a memória da Terra tende a prevalecer.

IHU On-Line – Como a extração de carvão mineral para uso em usinas termelétricas contribui para o aumento da emissão de CO2 e, consequentemente, para o aumento do aquecimento global?

Ernesto Lavina – Todos nós gostamos de viver com os recursos da tecnologia, mas devemos lembrar que ela necessita de energia, que por sua vez produz CO2. Precisamos esclarecer que CO2 não é poluição. É um dos gases que nos permitem estar aqui. Só que a Terra está em constantes mudanças. Se o CO2 continuar se elevando, o nível do mar e a temperatura média do planeta vão subir. No futuro próximo não vejo maneiras de contornar isso. Porque sem energia as coisas não acontecem. E ela sai justamente da queima do petróleo, do carvão, do gás natural. Toda a queima produz CO2. Tudo o que a nossa sociedade faz, de uma forma ou de outra, libera CO2.

A tendência é de que vamos aumentar cada vez mais as taxas de emissão de CO2. No entanto, aos trancos e barrancos, o mundo está melhorando. Aquela miséria absoluta na Terra está cada vez menor. Por mais que a renda ainda seja mal distribuída, que os ricos sejam muito ricos e os pobres sejam muito pobres, nós estamos evoluindo nesses últimos séculos. Porém, em tudo que se evolui, em cada ponto que avançamos na vida social, há por trás um consumo energia extra, que libera CO2.

IHU On-Line – Este ano será divulgado o quinto relatório do IPCC . O que esperar dele e o que foi feito, na prática, a partir do que foi divulgado nos quatro relatórios anteriores?

Ernesto Lavina – Tudo o que foi feito é muito pouco. Pode-se atacar o problema de várias formas, mas uma maneira essencial é a diminuição da produção de energia. E isso nos tiraria do momento atual, da sociedade tecnológica.

IHU On-Line – E investir em fontes de energia alternativa, renovável?

Ernesto Lavina – Esse é o caminho para o futuro, não tem jeito. No entanto, custa muito dinheiro e ainda não são muito eficientes essas outras formas. A forma mais eficiente, barata e limpa de energia que temos é a mais perigosa, que é a energia nuclear. Se fosse para resolver imediatamente esse problema, teria que se trocar a matriz de produção de energia elétrica do carvão para usinas nucleares. No mundo são raríssimos os países que possuem recursos hídricos para produzir grandes represas, como é o caso do Brasil e mais alguns poucos.

Nota: A primeira imagem que ilustra a entrevista é de http://bit.ly/12GCMxd e a segunda é de http://bit.ly/12GGPtf  

(Por Graziela Wolfart)