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Medo de invasão de ativistas faz zoo fechar as portas em Taboão

30/12/2013 

 

Cerca de 40 manifestantes se concentram em frente ao zoológico. 
Grupo alega que animais sofrem maus-tratos; Prefeitura nega.

Paulo Toledo PizaDo G1 São Paulo

Zoológico em Taboão da Serra fecha as portas com medo de ativistas (Foto: Paulo Toledo Piza/G1)Zoológico em Taboão da Serra fecha as portas com
medo de ativistas (Foto: Paulo Toledo Piza/G1)
O medo de uma invasão semelhante à ocorrida no instituto Royal, em outubro, fez com que um zoológico em Taboão da Serra, Grande São Paulo, amanhecesse de portas fechadas nesta segunda-feira (30). Além dos seguranças do próprio parque, havia equipes da Guarda Municipal de Taboão dentro e fora do local.
Por volta das 10h40, cerca de 40 ativistas da causa animal se reuniam contra supostos maus-tratos sofridos por animais no Parque das Hortências, onde fica o zoológico. Responsável pelo lugar, a Prefeitura de Taboão nega as acusações.
Segundo funcionários do parque, a manifestação marcada pelas redes sociais motivou o fechamento nesta segunda. "Queremos lacrar esse parque e resgatar os animais para levar para um local decente", disse uma ativista, sem se identificar.
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Entre os organizadores do protesto estavam ativistas que participaram da invasão do Instituto Royal, de onde foram retirados centenas de cães da raça beagle que eram usados em testes de laboratório.
Segundo a advogada Antília da Monteira Reis, presidente da Comissão de Proteção Animal da OAB em São Bernardo do Campo, diversos animais morreram nos últimos meses, incluindo um casal de tigres e um leão.
"Os animais que estiverem muito ruins e eles não tiverem onde cuidar, vamos levar para lugares adequados para cuidar", disse. Uma bióloga, que também é veterinária, entrou no fim da manhã para fazer um laudo técnico sobre as condições dos bichos.
No início da tarde, a bióloga Elizabeth Teodorov terminou a visita ao zoo e relatou ter constatou que 10% do parque está impróprio para os animais. Ela citou os recintos dos saguis e das aves de rapina como os que apresentam mais problemas. "É preciso reformar e enriquecer esses ambientes com folhas e galhos", afirmou.
Um laudo com o que a especialista averiguou será produzido.Ela acrescentou que os responsáveis pelo parque mostraram disposição para resolver os problemas que ela apontou.
Sobre os grandes felinos que morreram, Elizabeth disse que os animais pereceram por doenças não relacionadas a maus- tratos.
do G1 SP

Pesquisador: poderemos conversar com animais em até 10 anos



Um fotógrafo flagrou um casal de cães-da-pradaria que parecem se preparar para dançar, no zoológico de Praga Foto: The Grosby Group
Um fotógrafo flagrou um casal de cães-da-pradaria que parecem se preparar para dançar, no zoológico de Praga
Foto: The Grosby Group
Um médico que conversa com animais. Essa é a premissa da série de livros infantis Doctor Dolittle, de Hugh Lofting, que originou mais tarde os filmes estrelados por Eddie Murphy. História para criança? Con Slobodchikoff, professor emérito de biologia da Universidade de Arizona do Norte, nos Estados Unidos, acha que não. Para ele, o ser humano poderá se comunicar com animais domésticos em até 10 anos.
Fotógrafo amador registrou momento em que uma zebra se salvou do ataque de um leão ao dar um coice no predador.Foto: Thomas Whetten/Caters / BBC Brasil
Fotógrafo flagra momento em que zebra escapa de ataque de leão
Foto: Thomas Whetten/Caters / BBC Brasil
Essa previsão parte de sua pesquisa de três décadas sobre a comunicação entre animais. Hoje Slobodchikoff já testa um programa de computador para, com técnicas de inteligência artificial e muitos anos de dados coletados, comunicar-se com cães-da-pradaria-de-cauda-curta (Cynomys gunnisoni), roedores da família dos esquilos que habitam principalmente os Estados americanos de Arizona, Novo México e Colorado.
Com a aplicação dessa tecnologia para outros animais, o pesquisador acredita que, em cinco a 10 anos, os seres humanos poderão se comunicar, em um nível básico, através de dispositivos do tamanho de um celular, com seus cachorros e gatos. “Eu acredito que tais conversas nos ajudarão a resolver muitos problemas comportamentais que as pessoas têm com seus animais de estimação”, afirma Slobodchikoff, em entrevista ao Terra. “A maioria dos problemas de comportamento aparecem porque as pessoas não conseguem comunicar suas necessidades aos seus animais, e seus animais não conseguem comunicar suas necessidades a suas pessoas”.
Não se sabe ainda o que esse tipo de diálogo pode revelar. Talvez o gato esteja sentindo medo ou o cão precise sair para resolver urgências fisiológicas, por exemplo. “Quanto mais descobrimos sobre os animais, maior complexidade encontramos”, diz o pesquisador. “As pessoas achavam que cachorros estavam latindo apenas porque estavam com vontade de latir ou estavam apenas expressando uma emoção. Nós estamos agora começando a descobrir que cachorros têm coisas específicas a dizer em seus latidos. Quanto mais nós descobrimos, e mais a tecnologia para compreender a comunicação animal se desenvolve, estou disposto a dizer que vamos encontrar muitos animais com linguagens complexas nas quais eles comunicam informações específicas”.
Linguagem sofisticada
A ideia do professor de que os animais podem se comunicar de forma mais eficaz do que imaginávamos surgiu com o estudo de cães-da-pradaria-de-cauda-curta, nos EUA. Após centenas de experimentos, o professor e seus alunos descobriram o que ele considera a “mais sofisticada linguagem animal já decodificada”.
A descoberta sucedeu após análise dos chamados de alerta efetuados em uma colônia desses roedores diante da visão de um possível predador. Os alertas, agudos, semelhantes a pios de pássaros, variavam conforme o elemento avistado. Cada um deles era gravado, e as reações provocadas entre os roedores eram assinaladas. Mais tarde, a equipe de pesquisadores reproduzia os sons com o intuito de “compreender” os chamados. 
Esta é a 'Lucihormetica luckae', uma espécie de barata descoberta no Equador. Desde a primeira descoberta de uma barata fluorescente em 1999, mais de uma dezena de espécies já foram encontradas. Todas estão em áreas remotas. Esta é uma das novas espécies anunciadas pelo Instituto Internacional para a Exploração de Espécies da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos Foto: BBCBrasil.com
Barata fluorescente está em 'top 10' de novas espécies; veja
Foto: BBCBrasil.com
Com essas e outras experiências, Slobodchikoff identificou a utilização de diferentes fonemas, como se fossem palavras, e combinações de sons específicos, como se fossem frases. Segundo o pesquisador, o vocabulário dos “prairie dogs” (em inglês) lhes permite comunicar informações bem específicas, como a diferenciação de cores, formatos e tamanhos. 
Em seu livro mais recente, “Chasing Dr. Dolittle”, de 2012, sem tradução para o português, Slobodchikoff apresenta feitos impressionantes desses roedores. Eles puderam descrever, uns para os outros, uma pessoa alta vestindo camiseta amarela e uma pessoa baixa usando camiseta azul. A velocidade, a quantidade e as formas de cachorros se aproximando também eram anunciadas.
Nem todos os animais, entretanto, possuem uma comunicação tão eficiente. “Todos os animais se comunicam uns com os outros, como o fazem as células do nosso corpo. Mas nem todos têm necessariamente uma linguagem”, conclui. 

VETERINÁRIOS ALERTAM PARA OS PERIGOS DE FOGOS DE ARTIFÍCIOS PARA OS ANIMAIS



Recomendação é ensinar o animal a se acostumar com o som. Em alguns casos, o bicho precisa ser medicado por um médico veterinário.
Paçoca e Whisky buscam refúgio dentro de casa​ (Foto: Júnior Costa/G1)Paçoca e Whisky buscam refúgio dentro de casa​ (Foto: Júnior Costa/G1)Com a chegada das festividades de final de ano, especialistas apontam que a pirotecnia promovida nas festas de Natal e Ano Novo acabam provocando palpitações, taquicardia, salivação, tremores, sensação de insuficiência respiratória, falta de ar, náuseas, atordoamento, sensação de irrealidade, perda de controle e medo de morrer nos animais. Muitas vezes, os animais, por sentirem medo extremo, acabam fugindo.
Por isso, veterinários recomendam nesta época do ano atenção redobrada para qualquer agitação do animal de estimação e apontam cuidados especiais que os donos dos pets devem ter com os bichos que possuem fonofobia, medo de sons, como os de fogos de artifícios, por exemplo. Algumas dicas podem acalmar o animal e ainda evitar acidentes domésticos.
O veterinário Rodolpho Borges revela que o medo do som alto pode estressar o pet e, agitado, pode acabar se perdendo, fugindo e se machucando com gravidade. "Alguns animais se aterrorizam com o som dos fogos, e ao tentar fugir e se esconder, podem acabar se machucando, por isso é importante colocá-los em um local seguro e deixá-los o mais confortável possível", contou o médico.
Bela fica agitada com barulhos intensos (Foto: Juliana Dias/Inter TV)Bela fica agitada com barulhos intensos (Foto: Juliana Dias/Inter TV)
O especialista diz que a fonofobia é normal e que essa época do ano é o período que o animal fica mais assustado. Ele diz que as pessoas possuem a mania de adular, acariciar e até mesmo dar colo ao pet quando ele se assusta de forma repentina. Mas garante que o dono deve fazer o contrário.
"Durante os fogos não mude o comportamento. Algumas pessoas tendem a mimar, abraçar e dar mais carinho no momento dos fogos. Ao invés de ajudar, acaba aumentando o medo do animal, que acaba associando o medo ao carinho, e toda vez fará isso. Muitos proprietários demonstram preocupação antes dos fogos, e a linguagem corporal deixa o cão mais ansioso e com medo, então não mude o comportamento", ensinou.
O correto, segundo o veterinário, é deixar o pet à vontade dentro de casa e minimizar os efeitos sonoros sobre o animal de estimação. "No momento dos fogos tente camuflar o som, ligue a TV ou rádio. Feche portas e janelas, deixe-o procurar um local confortável. É importante não forçar o animal a fazer o que ele não queira. É normal ele se esconder, para tentar se sentir confortável", explicou Rodolpho Borges. 
Whisky e Paçoca fazem de tudo para chamar a atenção (Foto: Júnior Costa/G1)Whisky e Paçoca fazem de tudo para chamar a atenção (Foto: Júnior Costa/G1)Em casos mais severos, quando as dicas não funcionam, o especialista diz que um veterinário deve ser procurado. "Procure o médico veterinário, pois a utilização de medicamentos para ansiedade ou tranquilizantes poderão ser necessários", enfatizou.
Para acabar como medo, o médico veterinário explica que o dono do animal deve trabalhar a fobia junto com o amigo de estimação. "Procure um vídeo com o som de fogos e deixe-o ouvir em volume baixo, várias vezes ao dia. Associe o som com alguma coisa que ele goste, por exemplo, carinho, petiscos, brincadeiras. Ao longo dos dias aumente o volume do som, deixe-o associar barulho de fogos. Com o tempo, ele irá se acostumar", ensinou.

FonteG1

Flora da Amazônia tem 87 espécies ameaçadas de extinção


Um estudo divulgado no início deste mês pelo Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro colocou 87 exemplares da flora da Amazônia Legal na lista de espécies ameaçadas de extinção. Treze destas espécies foram classificadas como Criticamente em Perigo (CR). Outras 36 foram consideradas Em Perigo e 37 foram incluídas na categoria Vulnerável. No total, foram avaliadas 150 espécies da região.
A reportagem é de Elaíze Farias, publicada no blog Amazônia Real, 16-12-2013.
A equipe do Centro Nacional de Conservação da Flora (CNC/Flora), vinculado ao Instituto de Pesquisas do Jardim Botânico, disse ao portal Amazônia Real que a maior ameaça para as plantas da Amazônia é o desmatamento e a perda de seu habitat.
Segundo a publicação, intitulada Livro Vermelho da Flora do Brasil, as estimativas de extinção de espécies de plantas na Amazônia vão de 5% a 9% até o ano de  2050. A redução de habitat dessas espécies vão de 12% a 24% e 33% até o ano de 2030.
Segundo os pesquisadores, o fogo, a coleta e a extração de espécies (ornamentais, medicinais e de madeira) são ameaças que também devem ser consideradas como de alto impacto, mesmo em áreas protegidas, como é o caso das unidades de conservação. Outra preocupação é a falta de fiscalização das áreas.
O fato de a Amazônia, aparentemente, estar em situação melhor que outros biomas do país (como é o caso da Mata Atlântica e o Cerrado) pode ser explicado pela grande quantidade de áreas protegidas (38% de seu território) e pelas várias regiões de difícil acesso. Outra explicação pode ser a pouca quantidade de espécies analisadas pelos pesquisadores do CNC/Flora devido às lacunas de informação – a instituição admite que analisou uma quantidade pequena de espécies. Isso significa que o número de espécies ameaçadas na Amazônia pode ser maior.
“Uma das maiores dificuldades em avaliar as espécies amazônicas é a falta de dados. Por ser um bioma muito grande e diverso e com baixo esforço de coleta e pesquisa em geral, em muitos casos foi bastante difícil para os avaliadores fazerem estimativas e inferências sobre o real estado de conservação das espécies”, explicou a equipe do CNC/Flora, em resposta por email ao portal.
Foto: Mogno (Meliaceae_Swietenia_macrophylla), é uma outra espécie da lista. (Foto: Lucas Moraes/CNC-Flora)
Espécies ameaçadas
Livro Vermelho da Flora do Brasil apresenta a avaliação científica de 4.617 espécies da flora brasileira.
Mata Atlântica e o Cerrado são os biomas com a maior quantidade de espécies em risco de desaparecer da biodiversidade, num total de 2.118 plantas da flora brasileira.
A publicação teve a colaboração de cerca de 200 especialistas brasileiros e estrangeiros. O estudo pretende contribuir para a atualização da “Lista Oficial de Espécies da Flora Brasileira Ameaçadas de Extinção”, que está a cargo do Ministério do Meio Ambiente.
Para a classificação do nível de ameaça, a equipe do CNC/Flora utilizou o sistema da “Lista Vermelha da União Internacional para Conservação da Natureza” (UICN) – considerado método mais rigoroso que os anteriormente usados no país.
As 2.118 espécies classificadas como ameaçadas se encontram nas categorias Vulnerável (VU)Em Perigo (EN), eCriticamente em Perigo (CR). As restantes entraram nas categorias Menos Preocupante (LC)Deficiente de Dados (DD) e Quase Ameaçada (NT).
O grupo das Pteridófitas (que inclui samambaias, avencas e xaxins, por exemplo) é o mais ameaçado, enquanto o das Briófitas (musgos, entre outros) é proporcionalmente o menos ameaçado. O estudo apontou ainda que a família das bromélias (Bromeliaceae) apresenta o maior número de espécies consideradas “Criticamente em perigo” (CR), seguida das famílias Orchidaceae (orquídeas) e Asteraceae (de que fazem parte, por exemplo, girassóis e margaridas).
A família Asteraceae abriga a maior quantidade de espécies consideradas “Em perigo” (EN), seguida deBromeliaceae e Orchidaceae. Esta última é também a família com o maior número de espécies consideradas“Vulneráveis” (VU), seguida de Asteraceae e Fabaceae (plantas que dão vagens). Em números absolutos, o gêneroBegonia (Begoniaceae) é o que tem mais espécies ameaçadas, no total de 36. Em segundo lugar vem o gênero de bromélias Vriesea, com 35, e o gênero Xyris (Xyridaceae), com 27 espécies ameaçadas.
Número de espécies (150 no total) avaliadas por Estado que fazem parte do bioma Amazônia:
Pará – 43
Amazonas – 35
Mato Grosso – 22
Maranhão –  20
Acre –  17
Amapá – 9
Roraima – 8
Tocantins – 6
Quarta, 18 de dezembro de 2013 - Unisinos

Por que me tornei um vegetariano



Também carrego, com dor, o olhar triste de um cachorro de um amigo, que ele abandonou em uma estrada, por achar que o pet estava doente. Outro dia, chorei copiosamente, no silêncio do chuveiro, ao lembrar a cena. Ainda me culpo por ter vivido isso sem nada fazer. Não tinha sequer remorso. Nem o fato de ter salvado alguns animais por conta de minha recente conscientização, de gastar muito dinheiro com meus cães tirados da rua em condições precárias e de viver em função deles a ponto de me isolar no meio do mato, é capaz de tirar esse peso que carrego nas costas. Na covardia que toma conta da minha alma perante a visão do sofrimento animal, eu não teria ido a São Roque salvar os bichos das garras do Instituto Royal. Justamente por isso, aplaudo quem foi e fez o que tinha que ser feito. Tem horas que as leis dos homens precisam ser burladas.
Jornalista Carlos Amoedo, 48 anos, milita em São Paulo, e teve expressivas passagens por publicações como as revistas VIP e Men's Health.

Neste torneio, o boi é o troféu

 | ESPORTE


Competição que será encerrada neste domingo na zona norte dá inusitado prêmio ao campeão; vice leva um porco

Rafaela Gonçalves
rafaela.goncalves@jcruzeiro.com.br 


Dinheiro, carros, medalhas e troféus. Estes, normalmente, são os prêmios dados aos campeões de qualquer campeonato futebol do mundo. Em Sorocaba, porém, há uma competição na qual os vencedores são contemplados com um boi. 

O Torneio do Boi - como é conhecido o campeonato - é realizado há quase três décadas na Aldeia dos Laranjais, na zona norte de Sorocaba. A competição, que neste ano reuniu 16 times amadores da cidade, chega neste domingo à sua reta final. As semifinais serão disputadas a partir das 13h30. Na sequência, haverá a grande final. 

Os duelos iniciais serão entre Nelton Torres FC x Estrela de Ouro e Independente x City Club. Depois, os vencedores se enfrentam, em busca do churrasco -- os representantes dos quatro times afirmaram que o boi vai para a churrasqueira. 

"Se nós vencermos, faremos um grande churrasco. O sangue tem de estar quente ainda (risos). O boi vai virar churrasco na hora", afirmou Anderson, o zagueiro e capitão do Estrela de Ouro. 

Os planos do Estrela de Ouro são os mesmos do pessoal do Nelton Torres. "Vamos matar na hora. Vamos fazer um churrascão. O time está focado nisso", discursou o técnico, Washington. "Mas se não der, vamos de feijoada mesmo", disse, lembrando que o segundo colocado ganha um porco. 

Um dos colaboradores do evento, Jorge Pereira, garante que o boi poderá sair do campo e ir direto para a churrasqueira. "O boi está no ponto para virar churrasco", disse. "O pessoal gosta da brincadeira. Claro que sempre tem alguém que reclama, por causa do boi. Mas ele não está sendo maltratado. Cada vencedor pode fazer o que quiser com o boi, pode fazer churrasco, pode cuidar, criar, vender", afirmou. 

Se for campeão, o Independente, assim como os demais, também pretende promover uma churrascada, mas de forma indireta. "Nós vamos vender o boi porque é muita carne para comer de uma vez só", explicou Pedro, o goleiro da equipe. "Também queremos comprar um jogo de camisas e cervejas", complementou. 

Toninho é o dono do campo e o organizador do evento. Ele cobra R$ 150 por equipe. O dinheiro é destinado para comprar a premiação. O boi, por exemplo, custa R$ 1,2 mil. "Nós só queremos fazer o pessoal jogar bola, independente do prêmio." 

E ele está conseguindo cumprir sua meta. O gramado é frequentado por jogadores, torcedores, amigos, mulheres e crianças. Enquanto uns jogam, outros ficam conversando, assistindo e até dançando ao som de modas de viola. 

Moradora da região, Maria Aparecida gosta da festa e costuma frequentar o campo. "O campeão é o de menos. Nós sabemos que, independente de quem vencer, o churrasco está garantido."
do jornal cruzeirodosul

Desmatamento: Apenas 1% das reportagens de jornais é investigativa


Entre janeiro de 2007 e dezembro de 2012, 44 jornais e quatro revistas semanais foram analisadas. O objetivo? Saber como a imprensa está cobrindo a pauta desmatamento. O estudo feito pela ANDI teve resultado revelado nesta semana. Quando o assunto é reportagem investigativa em jornais, apenas 1% de conteúdo foi encontrado.
A informação é publicada por Comunique-se, 11-12-2013.
Segundo o estudo, pouco mais de um terço da cobertura (36,1%) foi motivada por demandas ou ações do Poder Público. A divulgação de procedimentos ou de resultados de avaliações, levantamentos ou pesquisas governamentais foi responsável por 7,9% das pautas.
As reportagens geradas por iniciativas da própria imprensa representam apenas 14,2% do material analisado nos seis anos. Em relação às revistas, o tema também é motivado por ações governamentais, embora a proporção seja menor do que em jornais: 37,5% contra 47,8%. Por natureza, as semanais vão além do factual, assim, 27,5% das ideias foram geradas na própria redação, sendo 4,7% de cunho investigativo.
O estudo da ANDI teve supervisão editorial de Veet Vivarta, que na tarde de terça-feira, 10, participou de debate para apresentar os resultados da pesquisa. O encontro foi promovido pela instituição, em parceira com o Grupo Comunique-se. Com a participação de Daniela Chiaretti, do Valor Econômico, e de Mauro Pires, Consultor Técnico da pesquisa, a conversa foi mediada pela repórter Nathália Carvalho, do Portal Comunique-se.

Mulher dá telefone falso para abandonar cão em pet shop e revolta interior de SP


13 de Dezembro de 2013

Dona nunca mais voltou para buscar animal que foi deixado para tomar banho; caso aconteceu em Santa Bárbara d'Oeste

POR REDAÇÃO GLOBO RURAL

Cão abandonado em pet shop  (Foto: Divulgação/Pet Shop Enkrenkinhas)
Os funcionários usaram o perfil do pet shop "Enkrenkinhas" no Facebook para denunciar o abandono de um cachorro no lugar. O animal foi levado pela dona para tomar banho. Horas mais tarde, quando a equipe do local tentou entrar em contato com a mulher para avisá-la que o cachorro já estava pronto e poderia ser retirado, foi descoberto que os dados passados - telefone e endereço - eram falsos.
"Parabéns" pra pessoa que ABANDONOU um cachorro aqui na loja hoje..... "Excelente" sua conduta..... Trouxe para banho e deu telefone e endereço falsos.... Você não acha que pedir ajuda seria muito mais bonito e honesto da sua parte ????? Continue sendo mentirosa assim que você vai loooooooonge..... Afff!", dizia a primeira postagem do "Enkrenkinhas" na web sobre o caso.
A dona nunca mais voltou para resgatar o cãozinho e, mais uma vez, o pet shop usou a rede social para pedir ajuda e tentar encontrar um novo dono para o bicho.
"Pessoal..... se alguém tiver interesse em ficar com esse cãozinho me mandem mensagem INBOX... recebemos milhares de mensagens, tá impossível acompanhar todas..... DAREMOS ele castrado, vermifugado, vacinado e 50kg de ração...",prometeu o pet shop em nova postagem no Facebook.
Na manhã desta sexta-feira (13-12), a equipe do "Enkrenkinhas" anunciou a adoção do cão por Denise Sbravatti Salvador.
"BOAS NOTÍCIAS......o cãozinho abandonado já tem um novo nome CHANTILLY.... está super bem na nova casa..... Graças a Deus e graças a pessoas boas que ainda existem nesse mundo.. Muito obrigada, Denise Sbravatti Salvador..... q Deus abençoe você e sua família!!!!!!!!!!", postou a equipe do pet shop.
Funcionários do "Enkrenkinhas" estão ajudando na investigação do abandono para encontrar a dona que abandonou o cão. O caso gerou revolta em Santa Bárbara d'Oeste, município do interior de São Paulo, onde está localizado o pet shop.

Por pressão ruralista, governo pretende criar uma comissão técnica para analisar e registrar novos agrotóxicos



O governo brasileiro pretende criar uma comissão técnica para analisar e registrar novos agrotóxicos. A medida ocorre por pressão dos setores do agronegócio, principalmente das grandes empresas que lucram com a venda desses produtos no país e da bancada ruralista.
A reportagem é de José Coutinho Júnior e publicada pela Página do MST, 09-12-2013.
Atualmente, a avaliação de agrotóxicos ocorre em conjunto: o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) avalia a eficiência agronômica do produto, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) os efeitos à saúde humana e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) os impactos ambientais.
A tentativa de criar uma comissão única, segundo Luiz Cláudio Meirelles, ex-diretor da Anvisa – demitido da instituição após denunciar um esquema de fraude -, é antiga.
“Quando cheguei à Anvisa já existia uma pressão muito grande em criar uma comissão única que fizesse as avaliações toxicológicas, contratando para isso laboratórios privados e retirando o papel do Estado. É uma forma de enfraquecer a legislação do país sobre agrotóxicos, que gera uma série de incômodos às empresas”.
O principal argumento utilizado pelo setor para a criação da comissão é a morosidade da Anvisa. No entanto, esse discurso não leva em conta o sucateamento da Anvisa e seus poucos técnicos: há apenas 20 funcionários contratados para dar conta do registro e da fiscalização dos agrotóxicos.
Para efeito de comparação, a agência que realiza o mesmo trabalho nos Estados Unidos, segundo maior consumidor de agrotóxicos no mundo, tem cerca de 700 funcionários.
Nova Comissão
Segundo o jornal Valor Econômico, duas propostas foram apresentadas no congresso para a criação de uma comissão. Uma foi encaminhada pelas empresas do setor, que sugere a criação da CTNAgro, com 13 membros e subordinada à Casa Civil.
A outra, encaminhada pela bancada ruralista, sugere a criação da CTNFito, composta por 16 membros e com um prazo de até 90 dias – após a data da entrega do processo pelas empresas – para se posicionar em relação à aprovação ou não do registro de um determinado agrotóxico.
Ao retirar a responsabilidade da Anvisa e Ibama, essas comissões podem abrir brechas para a aprovação de produtos que comprovadamente causam mal à saúde, levando em conta apenas o lucro das empresas que produzem e vendem agrotóxicos.
“Ao lidar com substâncias perigosas, o Estado tem que estar presente o tempo todo, não é algo que você possa dizer que é autoregulável ou deixar nas mãos de terceiros”, pondera Luiz.
Segundo dados do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola (Sindag), o mercado brasileiro de agrotóxicos movimentou US$ 9,7 bilhões em 2012 no Brasil.
As vendas desses produtos aumentaram mais de 72% entre 2006 e 2012 – de 480,1 mil para 826,7 mil toneladas país. Somos o país que mais consome agrotóxicos no mundo: cerca de 20% de todo consumo mundial de venenos é despejado na nossa agricultura.
“O grande interesse por trás dessas comissões é o lucro, que é capitalizado e o prejuízo, socializado. Estamos falando do maior mercado de agrotóxicos do mundo, e quem já lucra quer ganhar mais. Essas empresas faturam bilhões de dólares, tem a capacidade de influenciar governos, e tem tentáculos no Judiciário e no Legislativo”, ressalta Fernando Carneiro, representante da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco).
Apenas fachada
A estrutura de ambas as comissões a serem criadas se assemelham muito à CTNBio, a atual comissão responsável pela liberação de produtos transgênicos. Por esse motivo, há a preocupação de que uma nova comissão sirva apenas a interesses particulares.
“A CTNBio nunca negou um pedido de registro de patente de semente transgênica, o que é um absurdo, pois temos relatos de outros países sobre o perigo de contaminação genética que a liberação de transgênicos pode causar”, afirma Cléber Folgado, da Campanha Nacional contra os Agrotóxicos e pela Vida.
Os impactos na saúde da população brasileira por conta do uso de agrotóxicos já são sentidos. Dados da Anvisa mostram que a cada dólar gasto com o uso de agrotóxicos, outros US$ 1,28 são gastos no Sistema Único de Saúde (SUS) com o atendimento de trabalhadores intoxicados.
Além disso, cerca de 30% dos alimentos consumidos pelos brasileiros apresentam resíduos de agrotóxicos acima dos limites permitidos ou não registrados no país. Cerca de outros 40% apresentam resíduos dentro dos limites permitidos – o que, segundo a Anvisa, não significa que sejam seguros para consumo.
As vitórias da Bancada Ruralista
Nos últimos anos, a bancada ruralista vem obtendo diversas vitórias para os grandes produtores e empresas do agronegócio no congresso, em detrimento dos direitos dos camponeses, povos originários e da sociedade como um todo.
Só para citar alguns exemplos, pode-se destacar a aprovação do Novo Código Florestal, a rediscussão do conceito de trabalho escravo, o sucateamento do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e da Fundação Nacional do Índio (Funai).
Especialistas na área apontam o fortalecimento desse setor na opção do governo em apostar no agronegócio como modelo de desenvolvimento. Prova disso são os investimentos públicos em 2013. Enquanto a parcela destinada ao agronegócio girou em torno de R$ 154 bilhões, a agricultura familiar recebeu apenas R$ 24 bilhões.
Folgado relembra outro ponto que explica essa movimentação forte da bancada, “já que grande parte desses políticos tem suas campanhas financiadas por empresas nacionais, transnacionais e fazendeiros”.
Para ele, esses parlamentares são “fantoches para fortalecer o agronegócio, e infelizmente com consentimento do governo. Percebemos que a presidenta Dilma tem optado por favorecer esses setores em detrimento dos problemas que podem ocorrer”, critica.
Um exemplo dessa escolha do governo é a Medida Provisória 619/2013, que dá ao Ministério da Agricultura o poder de declarar estado de emergência em áreas com pragas e, à revelia da Anvisa e Ibama, importar, produzir, distribuir e comercializar agrotóxicos não registrados ou até mesmo proibidos no país.
A medida foi criada para permitir a utilização do benzoato de emamectina para o controle da lagarta Helicoverpa armigera. Segundo o próprio MAPA, a população dessa lagarta explodiu como consequência da difusão das lavouras transgênicas Bt, que produzem toxinas com o objetivo de matar as lagartas que delas se alimentam.
Para Fernando, essa medida mostra o efeito que a criação de uma comissão única pode ter no Brasil. “A Anvisa havia solicitado para que esse produto não fosse liberado, por ser neurotóxico em pequenas, médias ou altas doses. No entanto, temos um produto pulverizado por todo o país que pode causar malformações”, observa.
Nesse sentido, Fernando aponta o perigo de vermos, daqui uma ou duas décadas, malformações de toda a ordem por conta desses produtos liberados. “Teremos casos similares ao ocorrido no Vietnã, quando os americanos jogaram diversos produtos químicos na população, e as crianças nascem até hoje com problemas. No Brasil isso vai começar a acontecer”.
Como frear esse processo?
Fernando acredita que a única maneira de frear esse processo é o diálogo entre as organizações e movimentos sociais com a sociedade, mostrando os perigos que uma comissão como a CTNAgro podem causar.
“Temos que discutir o que acontece na base da sociedade. Por exemplo, não chega à sociedade a informação de que o Brasil tem liberado venenos sem a correta avaliação, já que a mídia também tem o agronegócio como um grande financiador. Outra questão é pressionar o Estado para que ele cumpra a constituição e proteja a saúde e o meio ambiente”, diz.
Folgado completa ao dizer que não podemos ficar apenas no denuncismo. “Temos que visibilizar à sociedade as experiências já existentes de alternativas ao agronegócio. Temos experiências de produção agroecologica, com alimentos saudáveis, a baixo custo, mas a sociedade não conhece”.
Ele ainda explica que há dois modelos em disputa no campo brasileiro, “e por isso a sociedade e movimentos devem se organizar para ampliar essa luta, somando-se aos trabalhadores da cidade. Os problemas existentes hoje no campo, não são mais só dos camponeses e agricultores familiares, eles dizem respeito ao conjunto da sociedade” afirma.


Na terra de Chico Mendes, borracha perde espaço para pecuária e motosserras


Durante curso recente de formação de lideranças no Acre, um jovem seringueiro foi convidado a expressar, em desenho, o que pensava sobre o futuro da Reserva Extrativista Chico Mendes, um bolsão verde de 970 mil hectares que atravessa seis municípios e simboliza a luta ambientalista no estado. O rapaz, de uma comunidade tradicional da floresta, não hesitou: em traços rápidos, desenhou um prédio.
A reportagem é de Chico Otávio, publicada no jornal O Globo, 08-12-2013.
A reserva é um dos legados da tragédia de 22 de dezembro de 1988, quando um tiro de escopeta encerrou, emXapuri (a 175km de Rio Branco), a luta de Chico Mendes contra a destruição nos seringais do Acre. Ele acreditava que a sobrevivência do caboclo dependia da mata em pé. Vinte e cinco anos depois, este sonho padece sob a pata do boi e a lâmina das motosserras. Enquanto a borracha sucumbe à lógica de mercado, a pecuária, a extração de madeira e a modernidade conquistam corações e mentes dos povos da floresta, incluindo seringueiros que lutaram ao lado de Chico.
Até a entidade que o líder seringueiro presidia quando assassinado admite agora como sócios dois filhos do pecuarista condenado por matá-lo. Guinaldo e Darlyzinho, filhos de Darly Alves da Silva, punido com 19 anos de prisão por ter sido o mandante do crime, estão entre os 3.500 sócios do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri. O atual presidente, José Alves da Silva, disse que não havia como barrar os dois irmãos, já que preenchiam todas as exigências legais de sindicalização. Com o aval do sindicato, Guinaldo e Darlyzinho passaram a ter acesso a linhas de crédito rural.
 Chico Mendes era um defensor da floresta. Mas não era o dono do sindicato. O sindicato pertence aos associados. Não vimos motivos para eles (filhos de Darly) não serem sócios — argumentou o presidente.
Produção de 12 mil toneladas 1990 despencou para 470 toneladas
Alves da Silva, um ex-seringueiro de 36 anos, disse que a chegada da pecuária na região representou o declínio da borracha. Hoje, afirma o dirigente, apenas 10% dos filiados à entidade continuam extraindo o látex, cujo principal comprador local é a fábrica de preservativos masculinos Natex, construída pelo governo estadual em Xapuri. A criação de gado, no entanto, mobiliza 80% dos associados e consolida-se, de longe, como o carro-chefe da economia da região, secundada pela indústria madeireira.
— O que está acontecendo hoje no Acre não tem nada a ver com o sonho de Chico Mendes, mas com o seu pesadelo — lamenta o cientista social Élder Andrade, professor da Universidade Federal do Acre (Ufac).
O drama a que se refere Andrade pode ser medido pelos indicadores econômicos do estado. Dados do IBGE sobre extração vegetal informam que em 1990, logo após a morte de Chico Mendes, o Acre produziu 12 mil toneladas de borracha natural. Em pouco mais de duas décadas, a quantidade encolheu para 470 toneladas anuais (2012). Na contramão desse ocaso, um estudo de Élder Andrade revela que a pecuária extensiva de corte e a exploração de madeira praticamente triplicaram em uma década. O rebanho bovino passou de 800 mil para quase três milhões de cabeças. A produção de madeira saltou de 300 mil para um milhão de metros cúbicos anuais.
Ao contrário da borracha e de outros produtos naturais, cujo mercado paga pouco e a longo prazo, uma novilha ou tora de madeira retirada clandestinamente é remunerada à vista. Um quilo de látex rende ao seringueiro R$ 7,80. A lata de 18 quilos de castanha vale R$ 23 — as cooperativas pagam um pouco mais aos fornecedores de castanha, mas só na safra seguinte. Já um bezerro recém-nascido pode render ao seringueiro R$ 300, sem que ele tenha de cumprir as jornadas exaustivas de trabalho na mata.
A madeira ilegal segue a mesma lógica. Se o mercado oficial paga por metro cúbico certificado no Acre R$ 60, o mesmo produto, retirado clandestinamente, pode render até R$ 350. As espécies mais procuradas são o cumaru, a garapeira, a mirindiba, o cedro-rosa e a cerejeira. O ipê, mesmo em áreas protegidas, já está próximo da extinção.
— Não somos contra a preservação, mas defendemos o direito das famílias daqui à sobrevivência. Está provado que as grandes poluidoras do planeta são as grandes mineradoras e a indústria petrolífera. Ninguém é reprimido. Quem tem de pagar, então, é o pequeno produtor do Acre? — critica Alves da Silva, do sindicato de Xapuri.
Brasileia: 32 marcenarias e nenhuma área de extração legal
Em tese, a indústria moveleira do Acre só está autorizada a trabalhar com madeira certificada, procedente de áreas de exploração regularizadas. Porém, a engenheira agrônoma Silvana Lessa, chefe da Reserva Extrativista Chico Mendes (governo federal), alertou que Brasileia, cidade vizinha à de Xapuri e onde Chico Mendes iniciou a carreira sindical, abriga 32 marcenarias sem que exista, em toda a região, uma única área de extração madeireira legalizada.
Brasileia é também o município do Alto Acre onde Osmarino Amâncio, o serigueiro que chegou a ser apontado como sucessor de Chico e foi capa da revista americana “Newsweek”, mantém a sua área ou “colocação”, a Pega Fogo, no seringal Humaitá. No passado, era um dirigente conhecido pelos discursos radicais. Hoje, pelos resultados da fiscalização da reserva, Osmarino tornou-se um dos maiores fornecedores de madeiras ilegais da região. Foi punido, segundo Silvana, com “multa gigantesca”, devido a 200 toras apreendidas. Processado judicialmente, Osmarinonega o corte ilegal e se diz vítima de perseguição política.
Criada em 1990, a reserva extrativista de quase um milhão de hectares tem só sete funcionários para fiscalizá-la. Dentro dela, vegetais e animais silvestres dividem espaço com dez mil pessoas e pelo menos 20 mil cabeças de gado. O último levantamento, em 2010, apontava 7% de área devastada. Mas Silvana Lessa admite que a extensão pode ser maior. Seus funcionários já descobriram dois policiais civis loteando áreas da reserva e vendendo-as ilegalmente em Brasileia, com anúncios nos jornais. Nos seringais Nova EsperançaSanta Fé e Rubicom, o desmate já ultrapassa 50% do território.
— Alguns desses loteamentos clandestinos, que têm até registro em cartório, se parecem com vilas rurais. Ali, um hectare de terra custa até R$ 1 mil — lamenta Silvana.
PT perde prefeituras históricas
Os grandes pecuaristas, facilmente descobertos pelo rastreamento dos satélites, mudaram a estratégia para chamar menos atenção. Passaram a fazer parcerias com os antigos adversários, os seringueiros, estimulando-os a formar pastos em suas pequenas propriedades, nas quais os rebanhos são fracionados. Além de esconderem-se melhor, eles também conquistam a simpatia dos vizinhos da floresta, ampliando seus domínios sem fazer alarde.
Ao longo da BR-317, que liga Rio Branco a Xapuri e Brasileia, imensos campos de pastagens estão repletos de gado. Embora a legislação que criou a reserva exija um cinturão verde de três quilômetros de raio (zona de amortecimento), já não há praticamente árvores em pé nos ramais (estradas vicinais) que levam ao coração da reserva extrativista.
O governo estadual de Tião Viana (PT) tenta frear o ritmo do desmatamento. Fez parceria com a reserva, para reforçar a fiscalização, e montou complexo industrial de madeira certificada em Xapuri, forçando assim que os seringais aprovem planos de manejo comunitário para produção de madeira certificada (retirada de forma planejada para causar o menor impacto possível à natureza). Mas o cenário político não é hoje favorável a ações mais duras. Em 2012, o PT perdeu as prefeituras de Xapuri e Brasileia, berço das lutas de Chico Mendes, e tenta agora recompor o patrimônio eleitoral perdido.
— É inadmissível que o seringueiro que nasceu e se criou aqui não possa ser compensado pelo que fez sem agredir a natureza. O manejo madeireiro já existe desde os tempos de Chico Mendes. A diferença, agora, é que o debate foi ampliado para os meios acadêmicos. A madeira pode ser um componente importante da renda da comunidade. Só não pode ser o mais importante — defende Júlio Barbosa, amigo de Chico e ex-prefeito de Xapuri pelo PT.
Mas nem todos os antigos aliados de Chico Mendes estão de acordo com o protagonismo da madeira e da pecuária na região.
— Não há em nenhum lugar do mundo um exemplo de manejo sustentável da madeira que tenha dado certo. Não há como comprovar. Se Chico Mendes estivesse vivo, acho que ele inicialmente toparia fazer. Mas, passados dois, três anos, diria: “Peraí, agora chega” — critica o advogado Gomercindo Rodrigues, uma das últimas pessoas a ver Chicovivo.
Em Xapuri, os históricos “empates”, quando Chico Mendes e outros seringueiros enfrentavam os jagunços para evitar a derrubada da mata, ficaram no passado. Agora, a briga mais renhida do município opõe antigos companheiros de lutas. No centro da disputa, com desdobramentos na Justiça, está o Sindicato dos Trabalhadores Rurais, base estratégica para a política cevada pelos créditos rurais.
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