Refinamento Moral: Interior já proibiu rodeios em 34 cidades




Um dos vetos recentes ocorreu em Araraquara; capital do Estado também deixou de permitir esse tipo de evento

Em agosto, morte de bezerro na Festa do Peão de Barretos revoltou entidades de defesa dos animais

Assistente puxa o sedém na saída do brete para apertar a virilha 
do animal na série de montarias que antecedeu a 
Professional Bull Rider, em Cajamar

GABRIELA YAMADA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE RIBEIRÃO PRETO

Combatidos por sociedades protetoras de animais, pouco a pouco os rodeios vão perdendo espaço em algumas cidades paulistas.

Levantamento feito por entidades a pedido da Folha aponta que, atualmente, a atividade é proibida em pelo menos 35 municípios -incluindo a capital. Em Ribeirão, não existe veto a rodeios.

A última cidade a vetar o rodeio foi Araraquara. Por unanimidade de votos, rodeios, vaquejadas ou qualquer tipo de atividades em que os animais possam sofrer violência passam a ser vetados.

A proibição ocorreu em setembro, ainda no "calor" das discussões acerca dos acidentes que ocorreram na última edição da Festa do Peão de Boiadeiro de Barretos, em agosto. Na ocasião, um bezerro foi sacrificado depois de ter sido imobilizado durante a prova de bulldog.

Em agosto, a Promotoria obteve liminares em ações contra a realização da atividade em duas cidades: Espírito Santo do Pinhal e Santo Antônio do Jardim.

Os promotores Fausto Luciano Panicacci e Raul Ribeiro Sora se embasaram em laudos que apontam que várias provas nos rodeios são cruéis e impõem dor e sofrimento aos animais.

Além dessas três cidades, as proibições ocorreram também em Sorocaba, Taubaté, Marília e até na capital.

A Confederação Nacional dos Rodeios contesta os vetos e diz que os rodeios legalizados garantem a sanidade e o bem-estar dos animais. Tropeiros também dizem que as cidades que vetaram os rodeios não têm tradição nas provas (leia texto nesta pág.).

'REFINAMENTO MORAL'

Segundo a professora Sônia Felipe, coordenadora do laboratório de Ética Prática do Departamento de Filosofia da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), a proibição significa um refinamento moral da sociedade.

Para a Promotoria e profissionais ligados às entidades protetoras ouvidos pela reportagem, os frequentadores dos rodeios vão às festas de peão por causa dos shows musicais, e não devido às provas com animais.

"Nas cidades onde foram proibidos os rodeios, não houve alteração na economia local", afirma Nina Rosa, fundadora de uma entidade de proteção que leva seu nome.

Para a advogada Viviane Alexandre, representante da WSPA (Sociedade Mundial de Proteção Animal), as proibições vão virar tendência. "Esperamos que [os vetos] cheguem à cidade mestra, que é Barretos", afirmou.

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