Não está tudo certo, não

Editorial da  edição de 10/06/2013 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 3 do caderno A, coloca muito bem a questão dos contêineres sujos e danificados na cidade, além de estarmos longe de uma logística qualificada para coleta seletiva. Segue o editorial:
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Não é preciso andar muito pela cidade para encontrar contêineres danificados ou sujos, acumulando água nos dias de chuva ou exalando mau cheiro, por falta de tampa, nos dias de calor


As reclamações frequentes da população sobre a falta de contêineres de lixo em alguns trechos de rua e o mau estado de conservação dos mesmos merecem da Prefeitura mais do que uma resposta protocolar, daquelas que tentam negar o problema colocado à vista de todos. Na edição de sábado, a Prefeitura informou a este jornal que "a manutenção, substituição, reposição e higienização de contêineres ocorre diariamente em vários locais da cidade, de acordo com a demanda de cada rua/bairro". Aparentemente, aos olhos da administração municipal, está tudo certo. O que tinha de ser feito está sendo feito e não há nada a ser corrigido.

Como explicar, então, as queixas provenientes de todos os cantos da cidade, sobre contêineres quebrados e sem tampa, ou a colocação desses recipientes a intervalos grandes demais, que faz com que os moradores tenham de carregar o lixo por longas distâncias? Vários casos foram citados na reportagem de sábado. Eles não são exceções, mas ilustram uma situação recorrente, que é motivo de queixas ao jornal quase todos os dias. Não é preciso andar muito pela cidade para encontrar contêineres danificados ou sujos, acumulando água nos dias de chuva ou exalando mau cheiro, por falta de tampa, nos dias de calor.

As evidências facilmente constatáveis nas ruas deveriam aconselhar, ao poder público, uma revisão de procedimentos de controle, que evidentemente não são suficientemente bons para detectar os problemas com a eficiência e agilidade necessárias. Este é um assunto seriíssimo, já que diz respeito à higiene urbana e à saúde pública, e por isso não comporta tergiversações. Se o controle está falho, é preciso melhorá-lo o quanto antes. Se os coletores não estão tomando os devidos cuidados, como afirmam alguns moradores, ou se a empresa contratada não faz a reposição dos contêineres no mesmo ritmo em que eles são danificados, é algo que se deve apurar e corrigir.

A conteinerização do sistema de coleta de lixo de Sorocaba foi um dos grandes progressos obtidos pela comunidade em anos recentes, e a maior evidência disso é a maneira como a população toma conta dos contêineres e reclama quando algum deles desaparece ou aparece quebrado. Os contêineres retiraram das calçadas os sacos plásticos e as latas, cujo conteúdo era facilmente espalhado no chão por vândalos e animais, e criaram um novo hábito de higiene nos lares, que tornou quase obsoleta a lixeira doméstica, um antro de micro-organismos em torno do qual se criavam moscas, baratas, ratos e outros agentes nocivos à saúde.

Obviamente, os contêineres deixados nas ruas durante a madrugada se tornaram alvos preferenciais de arruaceiros, mas a depredação intencional não parece ser o principal agente causador de avarias, e sim o próprio uso. Talvez já existam no mercado recipientes feitos de materiais menos vulneráveis, capazes de absorver melhor o impacto das quedas e de possíveis manipulações inadequadas. A bem do interesse público, seria interessante que as opções fossem conhecidas e, se houver algo mais resistente, que os atuais modelos de contêineres fossem trocados.

Por fim, é preciso corrigir a Prefeitura quando afirma que os contêineres foram substituídos "sem custo para a população" ao longo de 2012. Não existe contêiner de graça. A substituição dos recipientes sem condições de uso é uma exigência contratual, e seu custo já está previsto no contrato entre a Prefeitura e a concessionaria do serviço. Pode não haver um pagamento específico para essa finalidade, mas o valor da despesa certamente está embutido no preço total.

De algum lugar o dinheiro tem de sair e, a menos que a Prefeitura tivesse obtido recursos a fundo perdido de outras esferas governamentais, os contêineres novos saíram do lugar de sempre: o bolso do contribuinte.

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