Aplicativo desenvolvido por empresa de São Paulo estimula usuários a denunciar áreas de depósito ilegal de lixo

A destinação final do lixo é uma preocupação para ambientalistas e autoridades no Brasil Foto: Luciano Fernandes / Especial para Terra
A destinação final do lixo é uma preocupação para ambientalistas e autoridades no Brasil
Foto: Luciano Fernandes / Especial para Terra

Depósitos de lixo irregulares são um perigo para saúde da população e para o meio ambiente. Para ajudar no combate ao problema, um grupo de brasileiros criou um aplicativo para smartphones no qual usuários podem denunciar lixões clandestinos. No futuro, as denúncias serão repassadas para prefeituras e secretarias de meio ambiente, que deverão limpar essas aéreas e autuar os responsáveis.
"O Lixarada coloca as pessoas como protagonistas, ajudando realmente no dia a dia de sua cidade, por meio da denúncia dos lixões clandestinos", diz Cristian Cooke, diretor de projetos digitais da WiseWaste, empresa que desenvolveu o aplicativo.
O processo é bem simples. O aplicativo identifica a localização do usuário cadastrado, que, ao encontrar depósitos de lixos irregulares, deve fundamentar a denúncia com fotos.
Por meio do aplicativo, o usuário classifica o lixo em categorias como tamanho e tipo. Além disso, há a opção de fazer denúncias anônimas. Depois, todos esses dados são enviados para uma central que, ao comprovar a existência do lixão, disponibiliza sua localização no mapa do aplicativo.
A empresa está negociando parcerias com prefeituras e secretarias do meio ambiente para enviar, no fim de cada mês, uma lista com os locais onde existem depósitos de lixo clandestinos. Com os relatórios, esses órgãos podem providenciar a limpeza desses locais.
"O Lixarada dá o suporte para as pessoas chegarem às autoridades. Talvez dessa forma e com essas parcerias teremos mais força para que esse problema seja resolvido", afirma Cooke.
Outra função do aplicativo é o controle do que acontece depois da denúncia. "O Lixarada tem um sistema que pode definir se aquilo já foi limpo ou não. Quem passa no local pode abrir a denúncia e atualizar o status, dizendo se já está limpo ou se continua lá", conta Cooke.
Um problema nacional
Em média, o brasileiro produz 1,1 quilo de lixo por dia. Por ano são coletadas quase 200 toneladas. Uma grande parte desse montante acaba indo parar em áreas irregulares, como terrenos baldios ou beira de estradas. A destinação incorreta do lixo é um problema que atinge todo o País.
Segundo uma pesquisa da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), 42% do lixo produzidos no Brasil são destinados de forma incorreta e acabam parando em lixões clandestinos. No Norte e no Nordeste, o índice sobe para 70%.
O depósito de lixo em lixões, irregulares ou não, pode causar danos para a saúde da população e para o meio ambiente. "Sua degradação a céu aberto produz, por exemplo, um resíduo altamente poluente, o chorume, que contamina o solo e as águas, além de trazer problemas para as pessoas que estejam manipulando esse lixo ou bebendo água proveniente do local onde o lixo está sendo jogando", afirma o professor do Núcleo de Estudos Ambientais da Universidade de Brasília Gustavo Souto Maior.
A engenheira civil da Universidade Estadual de Campinas Eglé Novaes Teixeira acrescenta que os lixões também contaminam o ar, além de poluir o ambiente visualmente. A especialista reforça que o perigo do lixo jogado em áreas irregulares é muito maior para a população.
"Os lixões clandestinos, geralmente, estão muito próximos a residências. Esses locais criam um espaço para a proliferação de vetores, como rato, barata, escorpião, que trazem os riscos das doenças transmitidas por esses animais", afirma Teixeira.
O Lixarada pode contribuir para diminuir os problemas causados por lixões clandestinos. Em duas semanas, o aplicativo já recebeu cerca de 20 denúncias e possuiu mais 250 pessoas cadastradas. Atualmente, ele está disponível para download somente para Iphone. Os criadores estão desenvolvendo uma versão para Android que deve ser lançada até o final do ano.
do Portal Terra
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