Bob, o cão comunitário mais famoso do Brasil, morre aos 13 anos


06 de Agosto de 2013

Vítima de um tumor maligno e inoperável na região torácica do corpo, o cão comunitário mais famoso do Brasil - Bob - deixa saudades. Após meses de intenso tratamento no Rio de Janeiro, onde morava com a família que o adotou, o animal não resistiu e foi a óbito no sábado, 03/08. De acordo com seu tutor, Marcelo Victorino Novaes, Bob foi diagnosticado no início do ano e fazia sessões de quimioterapia desde o mês de abril, tendo recebido quatro aplicações. Há 15 dias, o animal, com baixa imunidade, teria adquirido uma infecção, que agravou seu estado de saúde. "No sábado, Bob não se sentia bem e desmaiou ao chegar na clínica. A médica veterinária tentou reanimá-lo, mas sua hora havia chegado. A tristeza é grande e não sei como será nossa vida sem ele aqui, pois foi um amigo verdadeiro que nos acompanhou nos últimos anos", lamenta Novaes.
 
Antes da mudança para o Rio de Janeiro, Novaes e sua esposa Raquel residiam em Campinas, onde conheceram Bob, o cão que era guardião da Praça Santa Cruz, no bairro Cambuí, e era cuidado em regime comunitário pelos taxistas que ficavam no local. Em 2009, Bob ganhou as páginas dos jornais de todo Brasil quando a Secretaria de Saúde da cidade ameaçou removê-lo da praça. O órgão municipal emitiu um auto de infração contra os taxistas que mantinham o animal no local por permitirem que ele circulasse livremente nas ruas. A permanência de Bob foi garantida lá após a intervenção da União Protetora dos Animais (UPA), que entrou com um pedido de adoção na prefeitura em nome dos taxistas. A entidade foi responsável também pela esterilização e identificação do animal.
 
Como recurso para enfrentar a decisão da prefeitura, a entidade recorreu à legislação vigente no Estado de São Paulo. Publicada em 17/04/08, a Lei 12.916 findou o procedimento de extermínio de animais sadios nos Centros de Controle de Zoonoses (CCZs) paulistas, estabelecendo diretrizes para o controle populacional humanitário, através da castração. A referida Lei também reconhece a captura seletiva de cães e gatos pelos órgãos municipais, bem como a existência do "cão comunitário", sendo ele definido como "o animal que estabelece laços de dependência e de manutenção com a comunidade em que vive, embora não possua responsável único e definido".
 
O Brasil celebrou a vitória dos ativistas em defesa de Bob, que tinha o carinho especial dos taxistas e do casal da vizinhança - Novaes e sua esposa - que decidiu semi-domiciliar o animal. Dessa forma, Bob passava as manhãs na praça, sendo recolhido para a residência do casal no período noturno, onde teve a garantia de maior conforto e qualidade de vida.
 
O sucesso do caso de Bob refletiu em diversos outros impasses de cães comunitários nas mais diversas localidades, consolidando-o como símbolo desta luta. Para honrar essa homenagem, o vice-presidente da UPA, César Rocha, criou um evento anual celebrado durante as proximidades do período carnavalesco, denominado "Cãonaval - O Bloco do Bob". A primeira edição ocorreu em 2011 e, segundo Rocha, a homenagem deve continuar anualmente em tributo ao animal. "O Bob cumpriu uma enorme missão! Sua história chamou a atenção do Brasil para os direitos dos cães comunitários e inspirou muitos a olharem com carinho para os animais que vivem nas ruas. Agora ele poderá descansar no paraíso! Enquanto eu viver, todos os anos colocarei o "Bloco do Bob" na rua, para que as pessoas não se esqueçam da grande vitória que ele protagonizou", ressalta o ativista.
 
Rocha promete ainda lutar pela fixação de uma estátua de Bob na praça. "Estou viabilizando junto a uma artista plástica uma estátua do nosso "Pop Star". A ideia é imortalizá-lo na Praça Santa Cruz, onde trouxe muita alegria para os taxistas e frequentadores", declara.
 
Texto: Notícia Animal
Fotografia: Arquivo Pessoal / Novaes - uma das últimas imagens de Bob nas praias do RJ

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