Cosmético orgânico ganha seu espaço entre consumidores e também empreendedores


Consumidor percebe os benefícios dos produtos e os pequenos negócios atentos aproveitam o momento para expandir

Felipe Rau/Estadão
Felipe Rau/Estadão
Marisa investiu R$ 50 mil para abrir unidade da rede Cativa
Ecologicamente corretos e socialmente justos, os cosméticos orgânicos despertam cada vez mais o interesse dos consumidores e se mostram uma oportunidade de negócio para empreendedores. As pequenas empresas que já atuam no setor, inclusive, mostram-se otimistas e esperam crescimento para os próximos anos.
Na avaliação de Ana Carolina Ribeiro, professora da Escola de Saúde da Universidade Anhembi Morumbi, a expansão desse mercado não ocorre apenas no Brasil, mas no mundo todo. “As pessoas estão repensando tudo o que fazem e nos seus reflexos. E isso inclui o consumo de produtos naturais, orgânicos. O setor brasileiro ainda é pequeno, mas está em franca ascensão”, afirma a especialista.
A empresária Simone Valladares nasceu em uma família que já trabalhava com produtos naturais e, por isso mesmo, ela resolveu investir nos cosméticos orgânicos, em 2004, quando criou a marca Reserva Folio. “No início, quando a gente falava desse conceito, ninguém entendia nada. Hoje, as coisas estão muito diferentes. As empresas grandes estão buscando esse conceito, que está cada vez mais valorizado”, diz Simone.
Para 2014, a empresa espera crescer 50% em comparação com este ano. Para pavimentar esse caminho, o negócio vai lançar uma linha de produtos para bebês com sabonetes, óleo hidratante, leite de limpeza e xampu. "Fazemos um trabalho de formiguinha. As matérias-primas são caras e nosso maior desafio é conseguir mostrar o diferencial de um cosmético orgânico, certificado”, pontua.
O interesse maior por parte dos consumidores também é percebido pela empresária Rose Bezecry. Ela abriu a primeira loja da Cativa Natureza em 2008, em Curitiba. No começo, 95% dos clientes compravam os produtos por necessidade – tinham alergias ou realizavam tratamento de saúde. Apenas 5% compravam porque preocupavam-se em consumir produtos orgânicos. Atualmente, esse número subiu para 30%. “As pessoas estão buscando o verdadeiro natural, estão se informando mais”, analisa.
A marca tem uma loja própria, que registra faturamento médio mensal de R$ 65 mil, e mais oito franquias em funcionamento. A expectativa é chegar a 14 unidades até março de 2014. Uma das franqueadas da Cativa Natureza é Marisa dos Santos Ramos, que investiu cerca de R$ 50 mil para abrir uma loja em São Paulo. Desde que teve uma câncer de mama, há cinco anos, ela passou a se interessar pelos orgânicos.
Como o conceito da marca a agradou, Marisa resolveu abrir a loja em julho. “O negócio ainda tem pouco tempo para falar em questão financeira, mas estou feliz no sentido que os clientes estão retornando, seja para agradecer, elogiar, comprar novos produtos ou até mesmo levar amigos para conhecer”, afirma Marisa Ramos, que administra a unidade com a ajuda das duas filhas.
Os empresários Gilberto e Rafael Krause, pai e filho, enxergaram uma oportunidade no setor em 2009, quando lançaram a primeira linha da Herbia. Inicialmente, a empresa surgiu com foco em plantas aromáticas, mas o cenário econômico e a entrada de dois grandes players (China e Índia) no mercado fizeram com que os sócios optassem em desenvolver um produto final que agregasse maior valor à marca.
Hoje, a empresa vende, por exemplo, xampu, condicionador, sabonete e água perfumada. O planejamento inclui o lançamento de novos produtos, como máscara capilar e esfoliante. Os empresários também se associaram, no ano passado, com Sebastian Schlossarek para importação de fraldas ecológicas. E a proposta é também trazer novos itens desse tipo para compor o portfólio. “O grande entrave do crescimento do mercado orgânico, em geral, é a falta de conhecimento dos benefícios”, afirma Rafael.

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