Austrália sacrifica sua economia para proteger os animais


Sydney (Austrália), 9 jun (EFE).- A indignação causada após a divulgação de imagens dos cruéis métodos empregados nos matadouros da Indonésia para sacrificar o gado levou a Austrália a proibir a exportação desses animais ao país.

Milhares de australianos ficaram horrorizados depois que, na semana passada, o canal de televisão "ABC" expôs graficamente os maus-tratos a que os animais são submetidos antes de serem sacrificados.


Por causa disso, o Governo da Austrália vetou a exportação de gado durante pelo menos seis meses à Indonésia, país para o qual vende por ano cerca de 500 mil de cabeças.

"Nós australianos universalmente expressamos nosso repúdio à crueldade contra os animais", disse a legisladora do Partido Verde no estado da Austrália do Sul Tammy Franks.


A Austrália, que participou dos fóruns internacionais para impedir a caça de baleias na Antártida, aplica sanções muito duras para aqueles que castigam os animais, um crime que pode ser punido com até cinco anos de prisão e uma multa de até US$ 50 mil.

Neste país "há uma rejeição generalizada a eventos como brigas de cachorros e galos", lembrou a legisladora ao apresentar um projeto de lei para proibir espetáculos de saltos de cavalos após a morte de vários animais neste tipo de competição.

Por isso, apesar do prejuízo aos criadores de gado que a suspensão das exportações à Indonésia representa, na Austrália persiste um sentimento de indignação após as imagens divulgadas pela "ABC".

Por causa disso, as organizações de defesa dos animais pediram a suspensão de todas as exportações de animais vivos e a revisão das práticas religiosas como o "halal", praticada na Indonésia, um país com a maior população muçulmana do mundo.

O "halal" ou conjunto de práticas islâmicas para fazer com que um alimento seja aceitável para o consumo da pessoa de religião muçulmana estabelece que o animal tem que ser sacrificado em uma posição orientada para Meca cravando uma faca em seu pescoço para que ele sangre.

A chefe dos pesquisadores da organização australiana para a prevenção da crueldade contra os animais (RSPCA, por sua sigla em inglês), Bidda Jones, acredita que a única solução para evitar essa prática é que os animais sejam sacrificados na Austrália de acordo com as normas do país.

No entanto, para outros australianos como o presidente da Associação Criadora de Gado do Território Norte, Rohan Sullivan, este ritual muçulmano não é a origem dos maus-tratos contra os animais nos matadouros indonésios.

O debate sobre a crueldade contra os animais também está aberto na vizinha Nova Zelândia, cujo Governo enfrenta um processo legal por proibir o ritual judaico de sacrificar os animais.

As organizações de defesa dos animais na Austrália reclamam da ausência de normas para proteger os animais de fazenda e, por isso, promovem campanhas como a de 2006 para pedir o boicote da venda de cordeiro australiano no Egito.

Outros ativistas também protestam contra a situação dos frangos nas fazendas avícolas ou a das ovelhas que são trancadas em jaulas estreitas e com pouca comida para produzir lã para as grandes firmas europeias de confecção.

Além disso, muitas vezes se sentem frustrados pelo massacre indiscriminado de cangurus, principalmente porque muitos filhotes morrem ao não completarem seu desenvolvimento na bolsa marsupial da mãe.

O espetáculo das corridas de cavalos também foi alvo de críticas na Austrália pelas chicotadas que recebem nesses eventos e pelo uso de animais em experiências científicas para a indústria de cosméticos.

Não é raro ver nas estradas cartazes da RSPCA pedindo aos motoristas que socorram os animais em caso de acidentes.

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