11,5 mil sorocabanos convivem com esgoto correndo a céu aberto na porta da moradia


CONSTATAÇÃO DO IBGE

Saae contesta dados do Censo 2010 e admite a existência de 42 pontos sem o serviço adequado na área urbana

Notícia publicada na edição de 29/05/2012 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 8 do caderno A:

Moradores reclamam do lançamento e esgoto no córrego que divide o Jardim Marli do Jardim Califórnia. Saae diz que problema é pontual e vai checar.
Em Sorocaba, 11.524 pessoas vivem em residências onde há esgoto exposto ao ar livre. Ao menos é a informação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que constatou a existência de esgoto correndo nas imediações das moradias, independente delas serem ou não servidas com a rede de coleta.
Essa avaliação foi feita visualmente pelos recenseadores como parte do Censo 2010 e a divulgação ocorreu na semana passada. Os 11,5 mil sorocabanos que vivem nessas condições representam 2,02% dos 571.442 moradores de domicílios particulares na região urbana de Sorocaba. Os expostos ao esgoto, segundo o IBGE, vivem em 3.161 domicílios, o que representa 1,8% das 175.412 residências avaliadas. O Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Sorocaba (Saae) contesta que haja esgoto correndo em frente às residências de 11,5 mil sorocabanos, mas reconhece que existem 42 pontos sem coleta ou afastamento do esgoto, o que corresponde a 2% do município. Acrescenta que hoje coleta e afasta 98% do todo esgoto do município e até o mês de agosto tratará 100%, hoje são 96%. Enfatiza que o percentual de esgoto coletado e tratado já contribuiu para situar Sorocaba como a oitava melhor cidade brasileira no ranking do saneamento pelo Instituto Trata Brasil. 

O Saae divulga que os 42 pontos sem coleta ou afastamento têm em média seis residências e foram verificados a partir de um levantamento. Alega que são locais onde o nível das residências estão abaixo da tubulação da coleta ou há alguma outra dificuldade técnica que torna a implantação do serviço de coleta mais complexo porque vai exigir estações de bombeamento (elevatória) de esgoto. O problema, na versão do Saae, afeta cerca de 250 domicílios no total, mas não tem uma estimativa do número de pessoas atingidas. Divulga que alguns desses pontos estão no bairro Brigadeiro Tobias, região do bairro Santa Terezinha, residências próximas da Estação de Tratamento de Água do Cerrado, no Jardim Zézo Miguel, na divisa com Votorantim e Parque São Bento 2. Informa que essa situação será resolvida, mas não existe previsão de quando ocorrerá, a não ser no bairro Brigadeiro Tobias, onde a estimativa é que esteja solucionado até agosto deste ano, junto com o início do funcionamento da estação de tratamento de esgoto de Aparecidinha. Hoje há esgoto escorrendo a céu aberto nas imediações da Casa do Cidadão de Brigadeiro Tobias. 

No bairro Monte Alpino, localizado na divisa com Brigadeiro Tobias, zona leste de Sorocaba, os moradores da rua Alfredo Fernandes convivem com o esgoto das residências vizinhas que corre pelas ruas. Eles contam que a maior parte do líquido que desce a rua é proveniente de pias, porque o esgoto do banheiro costuma ser ligados a fossas, mas nem todos fazem isso e há vezes em que algum vizinho esvazia a fossa diretamente nas ruas. A doméstica Alda Maria da Silva Espíndola, 51 anos, afirma que tem medo de ficar doente com essa situação que ocorre há pelo menos uns cinco anos. "De vez enquanto aparecem fezes", diz ela. A estudante Mayara Fernanda Alves, 14 anos, afirma ficar muito incomodada com a situação e que evita andar na rua porque há carros que ao passarem fazem com que o material seja espirrado nos pedestres. 

Quanto ao destino do esgoto em rede pública, o IBGE, por meio de questionamento aos moradores, apurou que em 2010, 172.355 residências - o correspondente a 96,41% das moradias particulares na área urbana de Sorocaba - tem banheiro de uso exclusivo e ligado à rede geral de esgoto ou pluvial. Outros 1.289 (0,72%) faz uso de fossa séptica, 917 (0,51%) usava fossa rudimentar, 159 (0,09%) lançam o esgoto em vala, 1.051 (0,59%) em rios ou lagos, 245 (0,14%) dão qualquer outra destinação e em 113 (0,06%) não há residência. O aposentado Jorge Batista Lopes, 67 anos, mora na margem de um córrego onde há o lançamento de esgoto por residências nas proximidades, no Jardim Lopes de Oliveira. Vive com outras cinco pessoas na residência e afirma que apesar de haver rede de esgoto, há os que lançam direto no córrego. Reclama do mau cheiro e da presença de ratos e diz que a Prefeitura já passou no local para fazer levantamento da situação, mas nunca foi tomada uma providência. O pedreiro José Carlos Santos, 40 anos, reclama do esgoto no córrego que divide o Jardim Marli do Jardim Califórnia. Segundo ele, há cerca de quatro anos foi instalada a rede de esgoto mas ela possui vazamentos, provocando a contaminação do leito. Reclama que nos períodos de estiagem e de dias de sol forte o odor incomoda muito. O Saae informou que é um problema pontual que será averiguado.

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