Escolas particulares terão manual da comida saudável



Notícia publicada hoje no jornal Folha de S.Paulo indica a tendência de alimentação saudável desde a infância, as escolas públicas precisam adotar a cartilha também, leia o texto:


JOHANNA NUBLAT
DE BRASÍLIA

O Ministério da Saúde começou a distribuir ontem em escolas particulares um manual que estimula a venda de alimentos saudáveis nas cantinas, como forma de promover o combate à obesidade.
O texto incentiva a troca da propaganda de alimentos considerados não saudáveis por cartazes com frutas, polpas ou barras de cereais.

Aos poucos, orienta o guia, a oferta de alimentos como salgadinhos industrializados e frituras deve ser substituída por produtos com menos gordura, sal e açúcar.

O texto também sugere que alimentos saudáveis sejam expostos em locais mais visíveis e sejam mais baratos.

A cartilha faz parte do acordo firmado em abril entre o governo e a Fenep (Federação Nacional das Escolas Particulares), que representa cerca de 18 mil instituições privadas -no país, são 36.883.

Elaborado em 2010, o guia passou a ser distribuído ontem, em Porto Alegre. Segundo o Ministério da Saúde, será definido cronograma para ele chegar a outras cidades.

sobrepeso

De acordo com o IBGE, cresceu em quase 200% nas últimas três décadas a incidência de sobrepeso entre crianças de cinco a nove anos. Em 2009, 34,8% das crianças nessa faixa etária estavam acima do peso recomendado pela OMS (Organização Mundial de Saúde).

Patrícia Jaime, coordenadora de alimentação e nutrição do ministério, afirma que a expectativa é de uma mudança gradual. "A realidade da cantina não vai mudar de um dia para o outro. Mas a ação é estratégica para a saúde frente ao quadro de obesidade infantojuvenil", disse.

Além de dar dicas específicas -como oferecer mais salgados assados e com recheios variados, que incluem legumes e verduras- e informações sobre alimentação, higiene e saúde, o manual sugere cardápios adequados às diferentes faixas etárias.

Para Virgínia Nascimento, vice-presidente da Associação Brasileira de Nutrição, medidas como a limitação da propaganda de alimentos não saudáveis "acertam em cheio" na tentativa de reduzir índices de sobrepeso e melhorar a alimentação infantil.

"Se só está disponível o que não é saudável, na hora da necessidade alimentar, a criança não pensa duas vezes." Para ela, esse vai ter que ser um trabalho de médio e longo prazos, que permita que várias pessoas interfiram, como pais e cantinas.

"Se você não intervier logo no início da vida, vai ser muito mais difícil depois. O hábito alimentar é arraigado."


SÓ NA ESCOLA

A empresária Aline Lira, 28, que mora em Santos, litoral de São Paulo, matriculou seu filho, Yuri Magario, 3, em um colégio na cidade, onde são servidos às crianças só alimentos orgânicos.

Mas em casa Yuri ainda dá trabalho na hora do jantar. Ele não gosta de carne e só come verduras e legumes se estiverem "disfarçados" no meio do feijão ou farofa.

Yuri adora frituras e refrigentes, mas Aline não deixa que ele consuma esses produtos durante a semana.

A empresária afirma que acha ótima a ideia de distribuir uma cartilha com orientações para os colégios particulares. Para ela, o ambiente, a filosofia da escola e o exemplo de outras crianças são o que fazem com que o filho coma no jardim de infância alimentos que se recusa a consumir em casa.

Outro motivo pelo qual a empresária considera a iniciativa da escola tão importante é que as refeições dela e do marido não são tão saudáveis quanto ela gostaria. "A criança precisa conhecer a alimentação certa. A gente cresceu com os hábitos errados", afirma.

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