SP ganhou 150 mil lixeiras de rua neste ano, mas 60 já são destruídas por dia


Com mais equipamentos espalhados na capital, depredação diária triplicou em relação a 2010: média antes era de 20 unidades perdidas

Adriana Ferraz, Juliana Deodoro, Diego Zanchetta e Rodrigo Burgarelli

Quem caminha por avenidas paulistanas como a Pompeia, na zona oeste, a Ipiranga, no centro, ou a São Miguel, na zona leste, vai encontrar uma cena em comum: todas estão lotadas de lixeiras novas, praticamente uma a cada poste. Elas fazem parte de um lote de 150 mil lixeiras instalado desde o início do ano. Mas o vandalismo persiste: 60 equipamentos são quebrados por dia em São Paulo. E o número está em alta - em relação a 2010, esse índice triplicou.
A instalação das lixeiras custou cerca de R$ 10 milhões.
O investimento estava previsto no novo contrato da limpeza pública, em vigor em dezembro de 2011. O modelo dividiu a cidade em duas áreas, sob o comando das empresas Soma e Inova. De acordo com a região de atuação, cada uma delas é responsável pela varrição das ruas, limpeza das bocas de lobo e instalação e manutenção das lixeiras públicas. Somadas com as 36 mil que já existiam na cidade, São Paulo tem hoje um recorde de 186 mil equipamentos do tipo.

O alto número, no entanto, acaba criando mais oportunidades para a ação de vândalos. A média de lixeiras quebradas, que em 2010 era de 20 por dia, agora já é três vezes maior. Desde o início do novo contrato, 13 mil delas já foram furtadas ou destruídas - a maior parte em bairros da periferia ou na região central, onde se concentram em maior número por causa do movimento diário de pedestres.

Até o ano passado, a depredação custava cerca de R$ 340 mil por ano aos cofres da Prefeitura. Com o novo contrato, a verba gasta em manutenção também passa a ser responsabilidade dos consórcios vencedores. Ambos devem receber mais de R$ 2 bilhões do Município nos próximos três anos.

Tampa. No centro, em um único quarteirão da Rua Canuto do Val, no bairro de Santa Cecília, três lixeiras já estão totalmente destruídas. Uma delas ficou só com a tampa e as outras duas, com o dispositivo que as prendia aos postes. Segundo o comerciante Francisco Rodrigues, de 50 anos, que mora na região, o vandalismo com as lixeiras ocorre principalmente depois de jogos de futebol. Ele conta que tentou consertar a que ficava na frente de seu pet shop, mas a iniciativa não foi bem-sucedida.

"Até tentamos resolver e colar as partes quebradas, mas a lixeira estava destruída demais e os garis levaram embora. Já conversei com eles e me disseram que outra seria instalada no lugar. Até agora, nada."

O porteiro Roberto Ferreira, de 41 anos, diz ser difícil encontrar uma lixeira inteira pela região central de São Paulo. "Elas foram colocadas recentemente e já estão arrebentadas. É triste, porque as lixeiras ajudam a evitar que os bueiros fiquem cheios e provoquem enchentes." Segundo ele, as unidades que "sobrevivem" são aquelas que ficam próximas de estabelecimentos que fecham mais tarde.

Sem sentido. Mas, para o vendedor Valderi Maurício, de 29 anos, o horário não faz diferença para os vândalos. Ele afirma já ter visto pedestres chutando as lixeiras à luz do dia. "Acho que essas pessoas não gostam nem delas mesmas. Não tem o menor sentido destruir a lixeira assim, de graça", diz.

Em bairros residenciais, a situação é bem melhor. No Campo Belo, zona sul, ou Perdizes, zona oeste, a maioria das lixeiras continua inteira e, às vezes, até vazia. Instaladas na frente de residências, pontos sem comércio ou grande fluxo de pedestres, chegam a ser ignoradas pelos moradores.

fonte: http://www.estadao.com.br/ 

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