Estudo revela que elefantes consolam amigos entristecidos

 

Animais usam a tromba para tocar o animal que está em algum stress nas genitálias ou na boca
19 de fevereiro de 2014 | 16h 55
Monte Morin - Los Angeles Times
Crédito: Elise Gilchrist / Creative Commons
Quando a vida fica difícil, elefantes asiáticos ajudam os amigos a se sentirem melhor ao emitir ruídos de compaixão e usar a tromba para tocar as partes íntimas dos colegas, de acordo com uma nova pesquisa.
No estudo, publicado nesta terça-feira, 18, na revista PeerJ, pesquisadores do comportamento animal observaram 26 elefantes cativos num santuário no norte da Tailândia. Os pesquisadores dizem ter registrado um número de comportamentos entre os elefantes que teriam a finalidade específica de consolar membros da manada em situação de sofrimento.
Entre os comportamentos incluem-se tocar a genitália do elefante afetado com a tromba, colocar a tromba na boca do elefante sofredor ou emitir um agudo “gorjeio”. “Os elefantes usam muito a tromba para tocar uns nos outros. Tocar a genitália é uma maneira que os elefantes usam para identificar os outros e, neste caso, pode ser também uma forma de identificar o estado de ânimo dos outros”, disse Joshua Plotnik, coautor do estudo, professor de Biologia e Conservação da Universidade Mahidol, na Tailândia, e diretor executivo da organização sem fins lucrativos Think Elephants International.
“Creio que, nesse contexto específico, o toque nos genitais, especialmente em combinação com outros toques, serve para confortar o outro elefante”, disse Plotnik. “Também vimos elefantes colocando a tromba na boca um do outro, algo que parece ser uma forma de dizer: ‘estou aqui para ajudar’.”
Comportamentos de consolo são raros no reino animal. Somente humanos, grandes primatas, cães e alguns pássaros são conhecidos por cuidar de seus iguais em situação de sofrimento, dizem os cientistas.
“Os elefantes sofrem quando veem outros de sua espécie sofrendo, buscando acalmá-los, algo semelhante ao abraço que humanos e chimpanzés oferecem àqueles que estão tristes”, disse Frans de Waal, coautor do estudo e professor de Comportamento Primata na Universidade Emery, Atlanta.
Os acontecimentos incômodos que provocaram sofrimento nos paquidermes estudados incluíram a aproximação de cães, serpentes e outros animais que agitavam a grama, ou a presença de um elefante hostil.
“Quando um elefante fica assustado, ele projeta as orelhas, ergue o rabo ou o encolhe, e pode emitir um ruído, rugido ou trombetada grave”, disse Plotnik. “Raramente vimos um elefante pedir socorro sem ser atendido por um amigo ou grupo mais próximo.”
Embora já se soubesse que os elefantes ajudam os demais e demonstram empatia em seu hábitat natural, os autores dizem que, até o momento, tudo isso tinha como base apenas relatos episódicos.
Os elefantes observados no novo estudo tinham entre 3 e 60 anos, e os machos adultos foram excluídos da amostragem. No hábitat natural, os grupos de famílias de elefantes são formados por fêmeas adultas aparentadas e seus filhotes não adultos.
Os elefantes machos adultos deixam o grupo quando atingem a maturidade sexual, passando a vagar sozinhos ou em pequenas manadas de solteiros.
Os pesquisadores observaram os elefantes em intervalos regulares de abril de 2008 a fevereiro de 2009. Plotnik disse esperar que as descobertas do estudo possam ajudar nos esforços de preservação na Ásia, onde os elefantes têm recebido atenção negativa por parte da mídia.
Tradução de Augusto Calil
 

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